Cena Política

Senador pernambucano quer explicações de empresa aérea por entrada de Bolsonaro em avião

Virou rotina, toda terça-feira quando a semana dos parlamentares finalmente começa, fazer discurso sobre as ações de Bolsonaro no fim de semana. É o momento "palanque" da CPI.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 15/06/2021 às 10:29 | Atualizado em 15/06/2021 às 10:43
Análise
X

O senador Humberto Costa (PT), nessa terça-feira (15), usou a CPI da Covid para anunciar que está pedindo informações, oficialmente, à empresa aérea que permitiu a entrada de Bolsonaro num voo comercial para fazer foto com apoiadores.

Na ocasião, o que repercutiu foram as vaias e xingamentos que o presidente recebeu

O senador quer saber quem foi responsável pela quebra de protocolo.

Também quer que se apurem os gastos públicos para garantir a segurança do evento que reuniu motociclistas com Bolsonaro em São Paulo.

Não é de agora e não é exclusividade do senador pernambucano, o uso da CPI para apurar qualquer coisa que aconteça no Brasil envolvendo Bolsonaro.

Ministro da Saúde diz que vacinará Bolsonaro 'quando ele assim desejar'

Para CPI, ideia de imunidade a partir da contaminação da população pelo coronavírus orientou ação do governo

A comissão tem servido politicamente para demarcar posição contra o chefe do Executivo.

Randolfe Rodrigues (Rede-AP), recentemente, partiu numa batalha contra a Copa América, depois que o presidente passou a defender o evento. Mas a sugestão era chamar o presidente da CBF para a CPI, não o presidente da República.

Virou rotina, toda terça-feira quando a semana dos parlamentares finalmente começa, fazer discurso sobre as ações de Bolsonaro no fim de semana.

Há um fator que se repete em todas essas ocasiões: Bolsonaro sempre está envolvido diretamente como culpado nas críticas feitas, mas nunca se sugere chamar o próprio para se explicar na comissão, o que só aumenta a característica de "palanque" do grupo de senadores.

A verdade é que Bolsonaro não pode ser convocado como testemunha, porque isso o obrigaria a comparecer e caracterizaria a intromissão de um poder em outro. É a mesma justificativa usada pelo STF para garantir aos governadores o direito de não comparecer à comissão obrigatoriamente. Pra evitar o constrangimento de convidar e ele não ir, preferem ficar reclamando de longe.

E mais. Pior do que não ir, seria convidar e Bolsonaro comparecer à comissão apenas para discutir pessoalmente com eles. Imagine o constrangimento em ser confrontado pelo presidente da República, talvez até xingado, numa CPI, porque Bolsonaro é verborrágico, e os senadores não poderem fazer nada, nem mandar prendê-lo, apenas ouvir.

Por isso todo mundo reclama de longe. Só de longe.

Tags

Autor