Cena Política

Pacheco ignorou Bolsonaro e não leu comunicação do presidente sobre indicação de nome para a Saúde. Recado do centrão?

Bolsonaro tinha chegado a confirmar o nome, indicado por Ricardo Barros, e ele iria ser sabatinado nesta quarta (7). Depois, o presidente da República correu para cancelar. Foi ignorado.

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Igor Maciel

Publicado em 07/07/2021 às 12:17 | Atualizado em 07/07/2021 às 12:32
Análise
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Há um novo capítulo na relação perigosa entre o presidente Jair Bolsonaro e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que passou despercebido nesta quarta-feira (7), mas deve ter repercussão.

Assim que surgiu a possibilidade de o presidente ter prevaricado, ao não tomar atitude contra Barros, mesmo tendo indicado que sabia do suposto esquema dele no ministério da Saúde, o diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias, foi demitido a mando de Bolsonaro.

Dias era indicado de Ricardo Barros.

Foi uma tentativa de se afastar do problema. O ex-diretor estava depondo nesta quarta, na CPI da Covid.

Mas, a tentativa de Bolsonaro de se afastar de seu próprio líder não parou por aí. Barros também indicou um outro nome, para a presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Paulo Rebello Filho.

Bolsonaro tinha chegado a confirmar o nome e ele iria ser sabatinado nesta quarta (7). Na terça-feira (6), o presidente da República correu para cancelar e pediu, em despacho, que ele não fosse sabatinado no Senado.

A ideia é se afastar de Barros e diminuir a influência dele no ministério da Saúde. Depois de se comprometer muito com o deputado, que comanda parte do centrão, Bolsonaro percebeu que se meteu numa grande armadilha.

Tem outro motivo também. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pretende ser candidato a senador na Paraíba e pediu para indicar um nome para a ANS que fosse ligado ao seu estado.

Mas, o problema se tornou maior.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), aliado de Bolsonaro, decidiu não ler no plenário o despacho de Bolsonaro desfazendo a indicação. Seguiu como se nada tivesse acontecido.

Dessa forma, o nome indicado por Ricardo Barros foi sabatinado e aprovado por 11 votos contra 3.

A atitude de Pacheco, que não leu o despacho do presidente, pode ter sido um jogo de cena. Para que, no futuro, Bolsonaro possa dizer que não teve nada a ver com a indicação e que tentou retirá-la, mas foi impedido.

Ou foi um ato sincero do centrão, avisando ao presidente que ele está em situação mais difícil do que imaginava no Congresso.

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