Cena Política

Bolsonaro não tinha como dar certo. Problema é aguentar quatro anos dele dando errado

Presidente venceu sem nunca ter se comprometido com nada além de suas próprias e frágeis convicções. E um sucesso sem fracasso anterior é quase um castigo.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 09/07/2021 às 18:12 | Atualizado em 09/07/2021 às 18:13
Análise
X

A frase é de Nelson Rodrigues: “Na vida, o importante é fracassar”. Recentemente, a mesma ideia surgiu num livro da ex-primeira dama dos EUA, Michelle Obama. “Fracassar é parte crucial do sucesso”, afirma ela em um livro recente.

Há também a história de um rapaz que trabalhava em uma empresa, era muito promissor, mas nunca recebia promoções para ser gerente.

Certa vez, questionando um superior, ouviu dele: “seu problema é que você não é casado, não tem filhos, não tem parcela de carro, nem hipoteca de casa ou empréstimo. Você não tem o que perder. Gente assim é perigosa”, brincou o chefe, mostrando que dar ao subordinado um cargo de chefia exigia confiança.

Duas lições que se aplicam à política: quem não tem o que perder, é perigoso. E quem não fracassa antes de vencer, costuma não saber lidar com o sucesso, caindo tão rápido quanto subiu.

No encaixe contemporâneo dessas lições, temos um presidente que candidatou-se uma vez e talvez nem ele achasse que tinha chances, mas venceu. Um retumbante sucesso sem o aprendizado necessário do fracasso.

Pra completar, é um elefante numa loja de cristais, guiado por nenhum traquejo político sólido. Um lutador sem técnica, estapeando o vento com um olho aberto e outro fechado, acertando coisa alguma e sem controle do próprio corpo enquanto acredita ter algum controle sobre o mundo ao redor.

Não tinha como dar certo. E não dar certo não é o maior problema.

O problema é passar quatro anos dando errado.

Tags

Autor