Cena Política

Adjetivos e antibióticos. O que leva Bolsonaro a xingar um ministro do Supremo

Esta semana, Bolsonaro foi chamado de "despreparado, desonesto, indeciso, incompetente, falso, pouco inteligente e autoritário". Descontou no ministro, chamando ele de "imbecil"

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Igor Maciel

Publicado em 10/07/2021 às 7:00
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No Brasil, esta foi a semana dos adjetivos.

O Datafolha divulgou uma pesquisa sobre Bolsonaro com perguntas que abordaram até aspectos cognitivos do presidente.

O resultado, para ter uma ideia, rendeu manchetes do tipo: "Maioria considera Bolsonaro despreparado, desonesto, indeciso, incompetente, falso, pouco inteligente e autoritário".

E cada um dos adjetivos foi usado, em conjunto ou separado, para divulgar a pesquisa.

Bolsonaro, acuado por acusações na CPI da Covid, tentou desviar o assunto, como sempre, subindo o tom contra o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE.

O objetivo era chocar para mudar o noticiário. O presidente usou mais dois adjetivos contra Barroso: "imbecil" e "idiota".

Na gramática, adjetivos servem para modificar o substantivo, dando qualidade, extensão ou quantidade. São imprescindíveis para dar alguma alma a qualquer frase.

A questão dos adjetivos é que eles são como antibióticos, se você usar demais perdem o valor, perdem o efeito. E aí você precisa buscar um que seja mais forte para atingir seu objetivo.

É assim que os xingamentos começam. O xingamento como adjetivo é o antibiótico mais forte quando se quer desviar a atenção e os mais leves já perderam efeito.

Mas, quando se chega a isso, assume-se toda a consequência de seu uso. No caso de Bolsonaro, uma crise institucional.

Quando se chega ao xingamento, é porque a situação está muito feia.

Agora, não é duvidando da boca suja de ninguém, mas uma hora vai faltar adjetivo.

E, quando isso acontece, é o fim.

Literalmente.

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