Cena Política

Se não vetar fundão, Bolsonaro vai encher os cofres dos próprios adversários. Se vetar, perde apoio de parte do centrão

Três dos maiores adversários bolsonaristas na eleição de 2022 podem ser bastante beneficiados com o aumento do fundão. Mas, se vetar o valor, o presidente vai gerar atrito com o centrão, que o sustenta na cadeira.

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Igor Maciel

Publicado em 19/07/2021 às 15:00
Análise
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A situação de Bolsonaro com o fundão eleitoral não é fácil de resolver. A verdade é que existe um cálculo eleitoral a ser feito pelo presidente da República e por seus assessores.

Bolsonaro ainda não tem partido definido. O Patriota, que já estava praticamente contando com a filiação, voltou à estaca zero depois que a Justiça afastou seu presidente.

Provavelmente, o chefe do Executivo vai ingressar numa sigla do centrão ou em algum nanico que receberá suporte financeiro e estrutural do centrão.

O centrão votou em peso para aumentar o fundão eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões. Se vetar o reajuste, como cogita fazer, Bolsonaro vai desagradar a maior parte desse grupo.

Ele também pode combinar com os partidos de centro um veto fantasia. Não seria a primeira vez e o próprio Bolsonaro já fez isso. Ele faz um discurso moralista, veta o aumento, mas os deputados e senadores derrubam seu veto. Tudo combinado.

Isso, porém, é um risco, porque a apreciação de veto é nominal e a exposição negativa do absurdo reajuste fará muitos deputados votarem para manter o veto e, assim, o aumento deverá cair.

O centrão vai continuar culpando Bolsonaro por receber menos dinheiro.

Por outro lado, se não vetar o fundão, o presidente vai ajudar a irrigar a campanha de seus adversários diretos na eleição.

Acontece que, sem partido, ele não tem garantia de nada por enquanto. Já o PT, o PDT e o Podemos, receberão volumes expressivos.

O PT deve apostar tudo em Lula, o PDT investe em Ciro Gomes e o Podemos se encaminha para ser a sigla de Sergio moro.

Com o aumento, o PT que recebeu R$ 200 milhões para fazer campanha em 2020, receberá quase R$ 600 milhões agora.

O PDT, que ganhou R$ 100 milhões em 2020, recebe quase R$ 300 milhões.

E o Podemos sai de R$ 70 milhões em 2020 para receber, e investir em Sergio Moro, quase R$ 220 milhões.

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