Cena Política

Novo sistema eleitoral no Brasil para 2022. Como funciona o "Distritão"?

Sistema pode ser aplicado em 2022 se for aprovado na reforma eleitoral que está sendo discutida. Muda a forma como nosso voto é contado e privilegia pessoas ao invés de partidos.

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Igor Maciel

Publicado em 26/07/2021 às 10:46 | Atualizado em 26/07/2021 às 10:48
Análise
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Se o o sistema eleitoral brasileiro já fosse o "Distritão", em 2018, o PSL teria feito dez deputados a menos. Ao invés de 52, teriam sido eleitos 42 deputados federais pelo partido que tinha, na época, Jair Bolsonaro.

O PHS, por exemplo, que elegeu seis deputados em todo o Brasil, só teria conseguido eleger um. O pernambucano Fernando Rodolfo, hoje no PL, depois que o PHS foi extinto, não teria um mandato.

Aliás, em 2018, apenas três pernambucanos tiveram votos para serem eleitos sem depender da coligação e dos votos de legenda. Com a própria votação, só João Campos (PSB), Marília Arraes (PT) e André Ferreira (PSC), conseguiram se eleger sozinhos.

>>> O Distritão pode acabar com partidos, diminuir a representatividade e pavimentar um golpe parlamentar

A reforma Eleitoral que está sendo discutida no Congresso hoje tem tudo para aprovar o Distritão. O sistema acabaria com a eleição proporcional. Na prática, cada eleito se elege apenas com os próprios votos.

Acaba com o cálculo em que alguém com menos votos fica com a cadeira de quem tem menos votos, como acontece hoje.

No caso de Pernambuco, a lista seria única, do 1º ao 25º, por ordem de votação.

Em Pernambuco, Tadeu Alencar (PSB), com 53.597, e Fernando Rodolfo (PHS), com 52.824, hoje, não seriam deputados. No lugar deles teriam sido eleitos João Fernando Coutinho (Pros), com 63.939 votos, e Kaio Maniçoba (SD), com 61.287.

O Distritão acaba com os "puxadores de votos" e encerra e anula o "efeito cauda". No exemplo acima, de Pernambuco, Tadeu Alencar só foi eleito por causa do PSB e, principalmente, de João Campos, que funcionou como puxador, tendo 460 mil votos.

Já Fernando Rodolfo, só foi eleito porque o conjunto de candidatos que tiveram menos votos do que ele, a "cauda", o empurrou com os votos do partido.

No distritão:

- Cada estado ou município vira um distrito eleitoral.

- São eleitos os candidatos mais votados.

- Não são levados em conta os votos para o partido ou a coligação.

É cada um por si, dentro do seu território, definido previamente. E essa definição pode misturar ainda mais as coisas. Se cada região do estado foi tratada como um distrito, o que deve acontecer, um candidato que se cadastre para disputar no Agreste, por exemplo, não poderia ser votado em Recife. E vice-versa.

Dessa forma, políticos que costumam ter uma base eleitoral numa região, mas complementam com votos em outros municípios, ficam prejudicados.

Daniel Coelho (Cidadania), por exemplo, teve  97.945 votos, em 2018, em Pernambuco. Mas, no Recife, foi menos da metade disso: 39.972 votos. O resto veio de outros municípios e outras regiões.

Se contasse somente o Recife, Davi Muniz (PSB), que hoje é vereador, teria tido mais votos em 2018 para deputado Federal do que 19 deputados eleitos naquele ano. Seria o sétimo mais votado.

O Distritão, pelo que se comenta, está bem próximo de ser aprovado.

 

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