Uma dúvida sincera: na política, ser gay é nicho de mercado?
Não tem como não pensar assim e concluir que alguns acreditam nisso.
O governador do Rio Grande do Sul, assumiu publicamente que é gay, fez isso em rede nacional e, ao invés de receber apoio de alguns que se destacaram no últimos anos levantando a bandeira do movimento LGBTQUIA+, foi criticado.
O ex-deputado Jean Wyllys foi um deles. Partiu para atacar o governador gaucho, acusando-o de ter assumido agora porque é pré-candidato a presidente.
O que nos leva a outra dúvida sincera: para se assumir gay é preciso esperar o momento político certo? É esse o recado que Jean Wyllys quer passar para a sociedade?
Ou Eduardo Leite não pode assumir que é gay por causa da sua filiação partidária? Wyllys, no Twitter, atacou o governador dizendo que ele só seria corajoso "se tivesse assumido em 2018, quando era aliado de Bolsonaro".
Eduardo Leite é do PSDB.
O que leva a outra dúvida sincera: só há coragem em se assumir gay se o momento for adverso?
Ou, talvez, a melhor questão seja a seguinte: Só se pode capitalizar politicamente a própria sexualidade se você for de esquerda?
Ou, outra: Quem é de direita não pode dizer em público que é gay?
O que nos traz de volta à questão inicial sobre ser um nicho de mercado político.
Agora, sem perguntas, algumas respostas:
Assim que Bolsonaro foi eleito, o corajoso Jean Wyllys disse que tinha medo de morar no Brasil, fez as malas e foi morar na Europa. Recentemente, declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT).
Depois que Leite assumiu ser gay, na noite da quinta-feira (1º), boa parte das redes sociais caiu de amores por ele, principalmente representantes de movimentos de esquerda. Antes, ele nem era notado como adversário, agora é um "aliado".
Se o governador gaucho crescer nas pesquisas, há uma tendência de que ele tire votos de Ciro Gomes (PDT), de Lula e de Bolsonaro, tudo ao mesmo tempo.
O PT percebeu isso e ficou em alerta, escalou Jean Wyllys para tentar combatê-lo, e o bom soldado foi à linha de frente virtual.
Não é só por ser gay que ele ameaça, mas é que, se tornando simpático à esquerda, terá holofotes sobre a boa gestão que realiza, recuperando o Rio Grande do Sul depois de uma das maiores crises econômicas da sua História recente.
Jean Wyllys deve saber como é ser acusado de se assumir gay para atrair atenção, tendo suas qualidades ignoradas. Ele sempre foi criticado por ter usado a sexualidade para vencer o Big Brother e para se tornar deputado federal. Estranho é estar do outro lado agora.