Cena Política

Joaquim Francisco quase foi candidato a prefeito em 2020, mas dizia que "não gostava de andar para trás"

Mesmo sem mandato há 14 anos, o ex-governador era extremamente ativo, gostava de caminhar muitos quilômetros todo dia, acompanhava as notícias, discutia assuntos do momento com jornalistas e pensou em ser candidato a prefeito em 2020.

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Igor Maciel

Publicado em 03/08/2021 às 18:33
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Olhando a "Massaranduba do tempo", para usar uma expressão do próprio Joaquim Francisco, neste dia 3 de agosto, este colunista relembra uma conversa com o ex-governador de Pernambuco e ex-prefeito do Recife sobre nunca andar para trás.

Acontece que, em meados de 2016, numa entrevista para a TV Jornal, em Caruaru, Joaquim me contou uma história sobre não gostar de "andar para trás".

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O ex-governador, que sempre teve ótima forma física, dizia que, quando estava em Gravatá, costumava sair andando pelo acostamento da BR 232 e percorria vários quilômetros até chegar em Bezerros.

A admiração com o percurso, que tem cerca de 20 km, era naturalmente acompanhada do questionamento: vai e volta? Rindo, respondia que "não": "chegando em Bezerros eu pego um táxi pra voltar, porque eu nunca ando pra trás".

O tempo passou e, desde então, sempre conversávamos muito, pessoalmente ou por telefone. Apesar de terem se passado 14 anos desde que encerrou seu último mandato como deputado federal, Joaquim estava em ótima forma para observar as mudanças na política e na sociedade.

Além disso, era extremamente inteligente e citava trechos de livros de pensadores sem dificuldade para ilustrar seus pensamentos. Ele sempre ligava para conversar sobre algum tema e dar seu ponto de vista. Em alguns momentos, fazia piada sobre os "Cavalcanti" não se dobrarem aos "Maciel".

Meu papel sempre foi mais escutá-lo. E valia a pena escutá-lo.

Mas, às vezes, ligava para pedir opinião.

Entre 2019 e 2020, impulsionado por grupos conservadores locais, avaliou se candidatar à prefeitura do Recife.

Em determinada tarde, por telefone, enquanto nos falávamos, perguntou o que eu achava.

Lembrei a ele, que já foi prefeito do Recife nos anos 1980, a história sobre caminhar de Gravatá até Bezerros e pegar um táxi na volta, "porque não gostava de andar para trás".

Ele riu bastante.

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