Cena Política

O desfile militar fora de época de Bolsonaro que virou fumaça (literalmente) para uma plateia sem ninguém importante

Bolsonaro esperava mostrar força com um desfile de blindados no dia em que o Congresso deve derrubar sua patetice do voto impresso auditável. Chamou mais atenção pela falta de apoios e pelas "antiguidades" exibidas na rua.

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Igor Maciel

Publicado em 10/08/2021 às 11:58 | Atualizado em 10/08/2021 às 12:12
Análise
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Na história dos presidentes que achavam ter mais apoio do que realmente tinham, dois casos se destacam: Jânio Quadros e Fernando Collor.

O primeiro renunciou acreditando que seria colocado de volta na cadeira pelo povo. Tentou um autogolpe esperando um levante popular. Embarcou, na saída, olhando pela janela do avião e repetindo: "cadê o povo?".

O segundo, três décadas depois, convocou a população para ir às ruas em seu apoio. As pessoas que foram, apareceram de preto, em protesto contra ele.

Agora, três décadas depois, Bolsonaro (sem partido) mandou modificarem a entrega de uma correspondência pelas Forças Armadas para que blindados passassem pela Praça dos Três Poderes, em Brasília, bem no dia em que o voto impresso será votado e deve ser rejeitado no Congresso.

Entendeu-se como uma tentativa de demonstrar força e pressionar os deputados. Ao invés de convocar o povo, chamou blindados. E, ao invés de comprovar poder político e bélico, virou piada num evento marcado mais pelas ausências do que por qualquer presença.

Nas redes sociais, só se falava na fumaça que os veículos militares jogaram no ar. Os tanques, muitos com mais de 50 anos de fabricação, à Diesel, deixaram o ar difícil de respirar.

As piadas no Twitter brincavam sobre eles serem "ideais para combater na segunda guerra", por exemplo.

Para a "exibição", Bolsonaro convidou todos os chefes de poderes e de tribunais. Os ministros do STF, o presidente da Câmara dos Deputados e até Luiz Roberto Barroso, presidente do TSE, foi chamado.

Ninguém foi.

O episódio fez Arthur Lira (PP-AL), inclusive, dar uma espécie de ultimato. Quem conversou com ele ouviu que, se após o voto impresso ser rejeitado, Bolsonaro continuar criando polêmica com o assunto, "pontes serão desfeitas".

Há quem já assista sentado, essas duas coisas: Lira falando em limites para as bobagens do presidente e Bolsonaro ultrapassando todos eles.

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