Cena Política

Bolsonaro vai buscar mais briga, sobre qualquer assunto, para seguir tumultuando o ambiente político. Governadores devem ser alvo

Governadores devem ser atacados pelo presidente durante as próximas semanas, serão acusados de serem "os responsáveis pela inflação", por causa do ICMS que cobram em combustível e energia elétrica, por exemplo.

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Igor Maciel

Publicado em 11/08/2021 às 18:33 | Atualizado em 11/08/2021 às 19:40
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A declaração de que vai pedir um estudo sobre bandeiras tarifárias na energia, para proibir cobrança de ICMS pelos estados, ontem, deu uma pista da nova frente de batalha do presidente Jair Bolsonaro: os governadores.

Não tão nova assim, mas já com argumentos prontos para ser reeditada. 

"Os governadores cobram ICMS em cima da bandeira. Quem paga a conta disso? Sou eu. A verdade é que liberta nosso povo. Talvez Bento Albuquerque, estudar com o Ciro Nogueira, que é nosso grande articulador junto com a Flávia Arruda, uma proposta nesse sentido, que desobrigue, que não seja permitido cobrar ICMS em cima da bandeira no caso da energia elétrica", afirmou Bolsonaro.

O roteiro é o mesmo dos combustíveis que, a cada aumento na bomba, faz o presidente dizer que não tem nada com isso e a culpa é do ICMS dos governadores.

O problema é que a inflação, o câmbio e a seca têm aumentado muito o custo de sobrevivência do brasileiro com gasolina e energia elétrica. Alimentação também está muito mais caro. Junte isso com o desemprego e a tempestade é perfeita e terrível para o presidente. Isso tem se traduzido em popularidade baixa.

O PT, claro, começou a utilizar o custo de vida no Brasil para demonstrar incompetência da gestão atual.

Apesar de ser uma confraternização entre "o sujo e o mal lavado", o argumento pega porque a população sente isso no bolso, todos os dias.

O presidente quer, então, aproveitar o discurso contra os governadores para resolver dois problemas: manter o estado de tensão que diminui o impacto das denúncias sobre as compras de vacinas, na CPI da Covid, fazendo cortina de fumaça, enquanto joga a responsabilidade pelos números ruins do governo para os coleguinhas governadores. É o famoso "se a culpa é minha, coloco em que eu quiser".

Se os governadores forem espertos e entenderem, cedo, esse movimento, poderão se articular mais rápido do que o TSE, que demorou uma eternidade para se tocar que precisava defender o sistema de votação brasileiro.

Mas tem que ser rápido mesmo, porque o Brasil é um terreno fértil para discursos demagógicos.

E Bolsonaro é versado em demagogia belicosa barata.

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