Bolsonaro precisa fazer barulho para sobreviver e reunião proposta por governadores não vai dar em nada
Gestores estaduais estão propondo uma reunião com todos os governadores, o presidente e os chefes dos outros poderes. Ideia seria oferecer uma saída honrosa a Bolsonaro, para que ele pare de atacar instituições. Não vai dar certo.
A tal "saída honrosa" que os governadores querem oferecer a Bolsonaro, para que ele pare de escalar a crise, pode não ajudar.
Ficou acertado no último encontro dos governadores que será proposta uma reunião geral dos gestores estaduais com Bolsonaro e os demais chefes de poderes. Seria a oportunidade para um entendimento geral e o resfriamento da tensão.
A intenção é muito boa e tem método. Uma lição do debate político é sempre permitir que o outro lado tenha uma porta aberta para render-se, mas sem parecer que se rendeu.
A esperança é que, ao ver que todos estão pedindo moderação, Bolsonaro se dê por vencido e modere o verbo.
Se fosse um político normal, aproveitaria a chance para afrouxar as cordas. Mas, não é.
O que está sendo ignorado é que o presidente não quer isso, por uma questão de sobrevivência política. Ele precisa do confronto.
Sem ambiente para governar, sem dinheiro e numa crise econômica, o chefe do Executivo quer fazer barulho. E vai fazer.
Pior, ele se encaminha para ser derrotado nas urnas e precisa seguir construindo um discurso de golpe para manter viva sua militância política.
Na essência, não é diferente do que fez o PT, quando o impeachment de Dilma turvou o horizonte. Se as coisas vão dar errado, "grita que é golpe" e mantém um grupo fiel para se reagrupar no futuro.
A execução, porém, é muito mais violenta, porque ameaça não apenas a imagem, como o PT já fez, mas a integridade das instituições.
Bolsonaro não pretende esfriar os ânimos e um dos indícios é o pedido de impeachment feito apenas contra Alexandre de Moraes, depois de prometer que também pediria o de Luiz Roberto Barroso.
Barroso é o atual presidente do TSE.
Mas, quando a eleição acontecer, o presidente do TSE será Alexandre de Moraes.
Caso realmente perca a disputa, Bolsonaro vai dizer que perdeu porque pediu o impeachment do presidente do TSE no passado. E vai gritar que foi "golpe".
Barulho, muito barulho. Será assim pelos próximos 15 meses.