Cena Política

Com ideia recorrente de "regular" a imprensa, Lula mostra que o discurso de liberdade só vale para quem o apoia

Para tentar empurrar a ideia, está espalhando que não será a regulação que existe em Cuba (curioso, já que não considera Cuba ditadura), mas a que é usada no Reino Unido. E a verdade começa a sofrer aí.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 27/08/2021 às 13:22 | Atualizado em 27/08/2021 às 13:25
Análise
X

Liev Tolstói fala sobre liberdade como produto e não como fator. É o resultado da verdade.

Em específico, diz o escritor russo: "Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.".

O ex-presidente Lula (PT), do alto de sua mágoa com quem não o idolatra, voltou a dizer que, se eleito presidente para um terceiro mandato, vai promover a regulação da mídia no Brasil.

Para tentar empurrar a ideia, está espalhando que não será a regulação que existe em Cuba (curioso, já que não considera Cuba ditadura), mas a que é usada no Reino Unido.

Bem, a verdade começa a sofrer por aí.

Porque, ao citar um exemplo de como essa regulação é necessária, o petista não tem nenhuma história da Inglaterra pra contar e recorre à Venezuela, afirmando que "viu o que Hugo Chavez sofreu".

No Reino Unido foram criados conselhos para analisar publicações, multar e determinar direitos de resposta na mídia. Os conselhos funcionam por associação das próprias empresas e a participação nem é obrigatória.

Na Venezuela, citada por Lula com preocupação, a regulação foi feita com a cassação de emissoras que não concordavam com o presidente e com censura prévia definida pelo governo.

Se Lula quer o modelo inglês para evitar problemas venezuelanos no Brasil, a verdade já ficou prejudicada.

E Tolstói, onde estiver, dá um sorriso.

Lula defende a liberdade de imprensa como contraponto a Bolsonaro. Mas, volta a falar em regulação da mídia na tentativa de atrair setores específicos da esquerda, como o PSOL, para o primeiro turno da eleição.

Dos partidos à esquerda o PSOL é o mais resistente. Na passagem pelo Recife, integrantes da sigla reclamaram com ele por não ter regulado a mídia quando foi presidente.

Há um interesse específico de grupos da esquerda em receber mais investimentos públicos para aumentar o alcance de canais com conteúdo próprio que eles mesmos possuem.

Por isso, no discurso de Lula, foi embutida a informação de que entre 2002 e 2010 o governo Federal passou a "colocar dinheiro em quase quatro mil meios de comunicação, quando antes eram pouco mais de 340".

Foi um aviso de que, com ele, esses grupos vão receber dinheiro. Pra começar.

Tags

Autor