Com ideia recorrente de "regular" a imprensa, Lula mostra que o discurso de liberdade só vale para quem o apoia
Para tentar empurrar a ideia, está espalhando que não será a regulação que existe em Cuba (curioso, já que não considera Cuba ditadura), mas a que é usada no Reino Unido. E a verdade começa a sofrer aí.

Liev Tolstói fala sobre liberdade como produto e não como fator. É o resultado da verdade.
Em específico, diz o escritor russo: "Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.".
O ex-presidente Lula (PT), do alto de sua mágoa com quem não o idolatra, voltou a dizer que, se eleito presidente para um terceiro mandato, vai promover a regulação da mídia no Brasil.
Para tentar empurrar a ideia, está espalhando que não será a regulação que existe em Cuba (curioso, já que não considera Cuba ditadura), mas a que é usada no Reino Unido.
Bem, a verdade começa a sofrer por aí.
Porque, ao citar um exemplo de como essa regulação é necessária, o petista não tem nenhuma história da Inglaterra pra contar e recorre à Venezuela, afirmando que "viu o que Hugo Chavez sofreu".
No Reino Unido foram criados conselhos para analisar publicações, multar e determinar direitos de resposta na mídia. Os conselhos funcionam por associação das próprias empresas e a participação nem é obrigatória.
Na Venezuela, citada por Lula com preocupação, a regulação foi feita com a cassação de emissoras que não concordavam com o presidente e com censura prévia definida pelo governo.
Se Lula quer o modelo inglês para evitar problemas venezuelanos no Brasil, a verdade já ficou prejudicada.
E Tolstói, onde estiver, dá um sorriso.
Lula defende a liberdade de imprensa como contraponto a Bolsonaro. Mas, volta a falar em regulação da mídia na tentativa de atrair setores específicos da esquerda, como o PSOL, para o primeiro turno da eleição.
Dos partidos à esquerda o PSOL é o mais resistente. Na passagem pelo Recife, integrantes da sigla reclamaram com ele por não ter regulado a mídia quando foi presidente.
Há um interesse específico de grupos da esquerda em receber mais investimentos públicos para aumentar o alcance de canais com conteúdo próprio que eles mesmos possuem.
Por isso, no discurso de Lula, foi embutida a informação de que entre 2002 e 2010 o governo Federal passou a "colocar dinheiro em quase quatro mil meios de comunicação, quando antes eram pouco mais de 340".
Foi um aviso de que, com ele, esses grupos vão receber dinheiro. Pra começar.