Cena Política

Candidatos mais bolsonaristas que Bolsonaro vão às ruas por votos, confiantes na "popularidade pelo absurdo"

O "fale mal, mas fale de mim" que fez de Bolsonaro presidente da República vai às ruas com mais força nos próximos meses.

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Igor Maciel

Publicado em 27/10/2021 às 11:32
Análise
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A proximidade da eleição está fazendo os pré-candidatos ávidos por espaço na mídia serem mais bolsonaristas que o próprio Bolsonaro (sem partido).

Ou, ao menos, serem o que Bolsonaro já foi com mais empenho, quando tentava construir espaço para ser candidato a presidente: um misto de oportunismo e falácia, apelando a qualquer medo coletivo que possa ser moldado adequadamente.

Do comunismo à violência urbana, usando até discursos religiosos que fazem o Velho Testamento parecer progressista, coisas reais ou não. Vale tudo.

Nos próximos meses, veremos políticos "assustados" com a violência nas ruas, dizendo que a "culpa é dos direitos humanos".

Teremos (e já temos) outros "muito preocupados" com banheiros com indicação de identidade de gênero.

Políticos invadindo escolas para dizer que estão "ensinando o comunismo às crianças".

No fundo, todo mundo quer voto, ninguém está preocupado com a família de ninguém.

A maneira como as redes sociais passaram a ser cruciais na atração desse tipo de voto provocou um fenômeno que aconteceu em 2018 e esses bolsonaristas tentam ainda aproveitar.

Não importa o quanto é absurdo, desde que renda boa audiência no YouTube, no Facebook ou no Twitter.

Esses números servem como parâmetro para medir a influência deles em determinado segmento.

Depois entra a negociação política.

Um deputado ou deputada que chega em uma reunião dizendo que teve um milhão de curtidas num determinado vídeo, consegue mais espaço dentro de um partido para receber verba, por exemplo, mesmo que o conteúdo seja abjeto.

Sem falar na remuneração do próprio YouTube, que paga por audiência. E em Dólar.

Vale sempre lembrar como Bolsonaro "fez seu nome" dentro do Congresso.

Ele era famoso por ficar à espreita de equipes de TV que não estivessem entrevistando ninguém. Quando via um espaço, corria até o local e começava a falar alto sobre coisas como "matar bandidos" aplicando pena de morte ou se uma deputada "merecia ser estuprada ou não".

Era tão absurdo que, as emissoras, certas de que o conteúdo era desprezível, mas de olho na audiência, o entrevistavam e lhe davam espaço.

Hoje, ele é presidente da República.

E fez escola.

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