Cena Política

Bolsonaro e PT concordam em assuntos demais para tentarem vender rivalidade eleitoral. Polarização está virando fantasia

Impressiona o quanto Bolsonaro e a esquerda, representada por Lula (PT), a despeito de viverem fingindo uma rivalidade em tudo concordam em tanta coisa. Agora, foi a Lei de Improbidade Administrativa.

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Igor Maciel

Publicado em 27/10/2021 às 12:54 | Atualizado em 27/10/2021 às 12:55
Análise
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O presidente Jair Bolsonaro sancionou, sem vetos, o projeto que flexibiliza a Lei de Improbidade Administrativa.

Caro leitor, atente para a expressão "sem vetos", porque ela é importante para a análise que segue.

O projeto, praticamente, libera políticos para cometerem atos ilícitos durante o mandato, dificultando sua punição posterior, porque exige que se prove que o gestor tinha a intenção de cometer o ato ilícito.

Na prática, desde que não tenha uma gravação do sujeito, dizendo que queria cometer o crime, ele não poderá ser punido.

É sério. Principalmente para quem se elegeu prometendo acabar com a corrupção e já foi responsável pelo fim da Operação Lava Jato.

Agora, sanciona sem vetos um projeto que ajuda quem faz mau uso do dinheiro público a não ser processado.

"Sem vetos" significa que o presidente leu todo o projeto e achou que ele estava perfeito.

O texto, no qual Bolsonaro não viu nem um vírgula de erro, foi escrito pelo PT, principalmente.

O relator do projeto na Câmara foi Carlos Zarattini (PT-SP).

O relator do projeto no Senado foi o senador Weverton (PDT-MA).

Impressiona o quanto Bolsonaro e a esquerda, representada por Lula (PT), a despeito de viverem fingindo uma rivalidade em tudo, tentando vender essa rivalidade para a eleição, concordam em tanta coisa.

A lista é extensa, mas alguns exemplos são o "furo no teto de gastos" para pagar auxílio (quando, na verdade, querem liberar o orçamento para faturar mais emendas), o combate à Lava Jato, a eleição de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e, agora, a luta contra a Lei de Improbidade Administrativa.

A polarização é, cada vez mais, uma fantasia eleitoral.

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