Em 2018, Bolsonaro chamava Valdemar Costa Neto de corrupto. Agora, vai se filiar ao partido dele
Em 2018 Bolsonaro atacou a imprensa para dizer que nunca havia se encontrado com Valdemar. "Dizem que aceno para corruptos e condenados".
Valdemar Costa Neto, o presidente nacional do futuro partido de Bolsonaro, já foi rejeitado pelo próprio presidente, em 2018, quando ele era candidato.
Na época, o atual chefe do Executivo defendia a pauta anticorrupção e respondeu assim quando a imprensa cogitou a ida dele para o partido de Valdemar: "“Valdemar Costa Neto já foi condenado no mensalão. Está citado… citado não… Está bastante avançado [sic] as citações dele no tocante à Lava Jato. A imprensa mente ao publicar que estive com Valdemar da Costa na semana passada. Agora diz que aceno para corruptos e condenados".
Antes de decidir que iria se filiar ao PL de Valdemar, com assinatura de ficha de filiação marcada para o próximo dia 22, Valdemar chegou a ser escondido pelo Planalto em uma foto, durante a posse de uma ministra que havia sido indicada por ele, Flávia Arruda.
A presidência da República, primeiro colocou ele o mais afastado possível de Bolsonaro, depois, fez as fotos tirando Valdemar do enquadramento.
Quando a questão foi publicada em reportagens, o Planalto simplesmente apagou as fotos.
Isso já foi em abril de 2021.
Para quem não lembra, Valdemar Costa Neto, com quem Bolsonaro vai "casar" (já que ele sempre faz analogias com relacionamentos), tem uma ficha corrida extensa.
Envolvido no mensalão, renunciou ao mandato de deputado federal duas vezes. A primeira em 2005 para evitar a investigação, o que não conseguiu, e a segunda em 2013, depois de ter sido eleito novamente, quando foi condenado e preso.
A condenação foi a sete anos, mas ele recebeu um perdão presidencial em 2015.
Quem soltou ele? Dilma Rousseff (PT), antes de sofrer o impeachment.
A filiação de Bolsonaro aconteceu após uma certa chantagem também. O presidente estava certo de que iria se filiar ao PP, mas Valdemar deu a entender que apoiaria Lula (PT) se isso acontecesse.
Bolsonaro mudou de ideia e fechou com ele, apesar de algum constrangimento.
O filho, Carlos Bolsonaro, precisou apagar um tuíte no qual criticava Costa Neto, por exemplo.
Jair Bolsonaro tomou uma decisão pragmática, loteando uma parte do governo para garantir apoio do PP e do PL em 2022.
O custo político disso, no futuro, é que deveria ser melhor calculado pelo Planalto.
O centrão não garante eleição de ninguém.
Em 2018, eles apoiaram Geraldo Alckmin (PSDB).