Cena Política

O espetáculo horroroso do PSDB. E não é só a falha na votação, mas o conjunto da obra

É como se o técnico do time resolvesse abrir o acesso do público aos vestiários para falar sobre companheirismo, espírito de equipe e, ao passar pela porta, todos fossem surpreendidos com uma pancadaria generalizada.

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Igor Maciel

Publicado em 22/11/2021 às 10:06 | Atualizado em 22/11/2021 às 10:09
Análise
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A regra básica do artifício é não permitir que ele chame mais atenção do que aquilo que deveria ressaltar. Quando se soltam fogos para comemorar algo, é preciso ter cuidado para que os fogos não chamem mais atenção do que o fato a ser celebrado.

Se alguém morrer queimado, ninguém vai lembrar qual era a comemoração.

O PSDB se queimou ao tentar realizar prévias "americanas" num ambiente que não tem nenhuma, nenhuma, nenhuma estrutura para que isso fosse realizado.

É lamentável, porque o PSDB é a esperança de muita gente com juízo nesse país, perante um cenário que vai se formando com três sujeitos disputando para reduzir suas próprias rejeições populares e chegar à presidência.

Bolsonaro (sem partido), Sergio Moro (Podemos) e Lula (PT) devem ter ficado muito felizes com o papelão tucano do fim de semana.

E, ao contrário do que você deve imaginar, o problema não é a falha no aplicativo de votação que suspendeu a escolha do candidato a presidente.

Isso é horrível, mas é só o laço do pacote.

Basta conversar com qualquer tucano sobre os bastidores da votação do domingo para entender.

Denúncia de compra de votos, parlamentar declarando apoio a Bolsonaro e indo contra a posição do partido, pré-candidatos se acusando e usando argumentos que podem, inclusive, serem utilizados pelos adversários na campanha futura.

É como se o técnico do time resolvesse abrir o acesso do público aos vestiários para falar sobre companheirismo, espírito de equipe e, ao passar pela porta, todos fossem surpreendidos com uma pancadaria generalizada.

Horroroso.

Quando resolveram realizar prévias, com votação em todo o Brasil, envolvendo filiados, prefeitos, governadores, secretários, o PSDB pretendia usar isso como artifício para mandar um recado ao Brasil.

Queria dizer que era o partido mais democrático do país.

Não apenas abriu as portas para mostrar suas crises internas como corre o risco de prejudicar candidatos da sigla nos estados, como Raquel Lyra.

Se existe algo que os palanques estaduais precisam num momento como esse, em que estão tentando atrair aliados para reforçar suas bases, é mostrar um mínimo de estabilidade e equilíbrio interno.

Imagine Raquel Lyra, pré-candidata ao governo, indo conversar com um prefeito e tentando convencê-lo a apostar no projeto dela enquanto ele observa o pau quebrando no vestiário do PSDB.

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