Cena Política

A garoa mudou, a temperatura caiu e Bolsonaro continua usando a mesma roupa de um dia ensolarado

O presidente não consegue ou não aceita se adaptar e acaba engolido. Lula e Sergio Moro, que vão trocando de roupa de acordo com a temperatura, levam vantagem.

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Igor Maciel

Publicado em 07/12/2021 às 16:59
Análise
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Bolsonaro (PL) não é mais favorito em 2022 e há quem diga que ele pode nem ir para o segundo turno. Mudou o conteúdo da garoa que goteja sobre o ambiente político e tem a ver com a pandemia, mas não apenas isso.

Garoa, no dicionário, é uma "nebulosidade formada por gotículas de água suspensas na atmosfera, próximo à superfície e abaixo das nuvens".

O interessante da garoa, em relação à chuva, é que ela toma conta do ambiente de uma forma que parece abraçar tudo, adaptando-se à realidade de cada área, com uma consistência muito comum.

A garoa de 2018, que ajudou Bolsonaro a ser presidente, mudou completamente. O ambiente da época era de crise econômica, provocada pelo governo do PT que desequilibrou tudo para garantir a reeleição de Dilma em 2014.

Era uma crise diferente, com aumento do desemprego, embora ainda houvesse um suporte social para evitar que as pessoas passassem fome.

Apesar das dificuldades econômicas, ainda cabia um discurso ideológico, de esquerda ou direita, lastreado pelo combate à corrupção que era feito pela operação Lava Jato e golpeou partidos como o PT, o PP e o MDB.

Esse discurso, hoje, beira o supérfluo. Porque não existe problema ideológico maior que um estômago vazio.

Direita e esquerda, 32 anos após o Muro de Berlim, é apenas um jogo pretensioso que se jogou em 2018, mas não resiste aos problemas reais que o país enfrenta na saúde e na economia.

Ser pego de surpresa pela mudança súbita do clima é natural. Já seguir usando camiseta e chinelo, quando a temperatura caiu para 5 graus, é estupidez, mesmo que seja deliberada para tentar provar um argumento.

Além de ser ridículo.

Quando a pandemia chegou, Bolsonaro deveria ter se agasalhado. Talvez tenha consultado os meteorologistas errados.

O ambiente mudou de uma forma que o maior culpado por Bolsonaro ter virado presidente, o ex-presidente Lula e o seu PT, hoje estão na liderança das pesquisas e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) que fez parte do ambiente que projetou o atual presidente mas soube sair do governo na hora em que a temperatura mudou, é a maior ameaça para a reeleição.

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