Cena Política

O recibo constrangido da revista Time com a escolha de Bolsonaro como "personalidade do ano"

Gostem ou não, o presidente vai passar o resto da vida dizendo que foi considerado o "mais influente" segundo a Time. E não estará mentindo.

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Igor Maciel

Publicado em 07/12/2021 às 19:25 | Atualizado em 07/12/2021 às 20:02
Análise
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A revista Time construiu uma cilada para ela própria na escolha da personalidade do ano 2021. E caiu.

Mas, caiu de um jeito que os seus editores precisaram gastar verbo para tentar justificar a votação aberta.

O anúncio do vencedor tem uma linha escrita, mas a explicação sobre "quem é Bolsonaro", criticando o presidente brasileiro, teve 34 vezes mais espaço.

Foi a forma que a publicação encontrou para não parecer que estava apoiando as atitudes de Bolsonaro.

No texto, em inglês, há desde declarações absurdas do chefe do Executivo na pandemia até detalhes sobre a investigação da CPI da Covid contra ele.

Outra explicação, constrangida, que a revista precisou dar foi relacionada ao significado da questão colocada para os leitores pela internet (a votação foi aberta e online). A Time precisou explicar no texto de apresentação do vencedor que a escolha é para a personalidade que influenciou "para o bem e também para o mal" o mundo.

Teve mais. Apesar de o resultado ter sido publicado ao meio-dia do dia 7 e o prêmio ser o mais importante da revista, quem procurasse o anúncio na página principal do site, poucas horas depois, já não encontraria nenhuma manchete.

Era preciso fazer uma busca por "Bolsonaro" para conseguir ver a reportagem.

Vale lembrar que a escolha dos editores é o que conta e ela acontece somente no dia 13. Mas, a publicação, uma das mais importantes do mundo, acusou o golpe.

E nem terá chance de pedir "voto impresso e auditável".

A votação, aberta, significa pouco do ponto de vista eleitoral no Brasil. Mesmo que não tenha havido uso de robôs, Bolsonaro recebeu 24% de nove milhões de votos de usuários.

Numa conta básica, seriam 2,1 milhões de votos, considerando que cada pessoa só tenha votado uma vez.

Só no Instagram, Bolsonaro tem 19 milhões de seguidores.

O que chamou atenção, mesmo, foi a tentativa da revista de justificar o sistema que eles próprios criaram e ter que explicar até o conceito de influência segundo seus requisitos para o prêmio.

Gostem ou não, o presidente vai passar o resto da vida dizendo que foi considerado o "mais influente" segundo a Time.

E não estará mentindo.

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