Lula, Alckmin e o PSB construindo a culpa do outro para poder agir em interesse próprio
"Quando você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve"
Começou um movimento de desconstrução da chapa Lula-Alckmin, tanto no lado petista quanto entre os mais próximos de Geraldo Alckmin.
Essa desconstrução ficou evidente nas últimas 48h. Alguns desses sinais surgiram em Pernambuco, até.
Ao que parece, ou isso já fazia parte de um acordo desde o início, ou a negociação não deu certo e o pré-acordo começou a definhar esperando que alguém lhe salve.
O primeiro sinal veio dos petistas. Na segunda-feira (10), a informação era que setores mais à esquerda do PT, e também de partidos possivelmente aliados como PSOL e PCdoB, estavam reclamando e não aceitavam o ex-tucano. O motivo seria que, como ex-filiado ao PSDB, o ex-governador paulista "defende as privatizações".
O argumento não faz nenhum sentido por uma série de fatores, inclusive o fato de que entregar empresas públicas ao setor privado é algo que até Dilma e Lula já fizeram, mas serve como desculpa para mostrar alguma contrariedade.
Ainda na segunda, no fim do dia, o senador Humberto Costa (PT) fez chegar a todos que teve uma reunião com o governador Paulo Câmara (PSB) e, confidenciou, disse ao socialista que sua candidatura era pra valer e que tinha o apoio de Lula para disputar o governo. O PSB não apresentou nenhum nome.
Já na terça-feira (11), foi a vez dos apoiadores de Alckmin jogarem informações para a imprensa. Aliados do ex-tucano espalharam que ele estaria chateado e preocupado, porque Lula e Gleisi Hoffmann (PT) andam falando em desfazer a reforma Trabalhista e a Lei do Teto de Gastos. E que, por isso, a relação "estava em crise".
Quando essas conversas começaram, Lula já era contra a reforma Trabalhista e o Teto de Gastos, Alckmin já havia sido favorável à privatização e o PSB já estava sem candidato em Pernambuco. Ninguém devia se surpreender com o que é amplamente conhecido.
É como casar com um advogado e, meses depois, pedir o divórcio alegando que é porque ele usa gravata.
O gato no País das Maravilhas
Em Alice no País das Maravilhas, há uma frase do gato para Alice em que ele diz: "se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve".
O que se vê nesse caso da chapa Lula-Alckmin é que o PSB, o ex-presidente e o ex-governador chegaram a um ponto de impasse e ninguém sabe para onde ir.
Mas, como nem todo caminho serve, devido aos muitos interesses em jogo, é preciso criar um script que justifique a mudança de rumo, seja qual for o futuro.
Objetivo é construir a culpa do outro, antes de agir por interesse próprio.