Cena Política

Politização do caso Beatriz é incorreta, mas governo não pode esquecer que ela é mãe de uma vítima

A mãe não tem culpa e está em seu papel de buscar justiça para a filha. Partidos que se aproveitam disso e governo que a trata como opositora erram feio.

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Igor Maciel

Publicado em 12/01/2022 às 14:59 | Atualizado em 13/01/2022 às 18:13
Análise
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O caso do assassinato da menina Beatriz Mota, em Petrolina, há quase sete anos, acabou ganhando elementos políticos partidários, o que é lamentável.

A dor de uma mãe não deveria ser politizada.

Mas, é preciso lembrar que isso só acontece em investigação mal feita. O governo, atrasado, exalando incompetência (enquanto finge zelo) e de forma atabalhoada ao longo dos anos, agora conseguiu apresentar o autor do crime.

Trouxe uma solução e acrescentou novas dúvidas, porque ainda não conseguiu responder a todas as perguntas, nem as feitas pela imprensa, nem as do Ministério Público, que pediu novas diligências.

É nesse vácuo de agilidade que surgem as oportunidades e os oportunistas. A incompetência se estendeu à coletiva. Desde a noite anterior deveriam ter entrado em contato com a família, que só ficou sabendo do assassino já preso pela imprensa.

A falta de habilidade ou desprezo do governo pela situação ainda provocou uma cena lamentável. A mãe, que, é verdade, não deveria estar na coletiva de imprensa, foi barrada na porta da secretaria de Defesa Social, ao invés de ser acolhida e recebida pelo secretário, antes de ele dar entrevistas.

Isso, que deveria estar programado, só aconteceu após muita confusão e bate-boca.

A impressão é que o governo do Estado começou a ver e tratar Lucinha como uma personagem política de oposição.

Esqueceu que, independente do que ela faz para chamar atenção ao caso e buscar justiça, vai continuar sendo uma mãe que perdeu a filha num crime bárbaro.

E se é inadmissível a maneira como o governo trata a mãe da vítima, confundindo ela com um opositor político, sem dar a ela o acolhimento necessário, é vergonhoso o oportunismo partidário também.

Na hora em que a mãe tentava ser recebida na SDS, membros do PSOL estavam no local. Outros aproveitavam as câmeras pra gritar palavras de ordem contra o PSB.

Isso aconteceu também na caminhada de mais de 700 km que a família fez em dezembro, chamando atenção para o caso.

Em todo o percurso surgiram políticos de oposição acompanhando e fazendo lives nas redes sociais.

Na ocasião, em frente ao Palácio, houve até indisposição, porque um político, que não era do PSOL, tentou aproveitar a manifestação e acabou "expulso" da área.

Não se transforma em política partidária a dor de uma mãe. E não se trata a mãe de uma vítima de assassinato como adversária política. Ainda mais depois de tanta incompetência para resolver a questão.

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