Algumas verdades sobre Lula que Ciro Gomes conseguiu resumir com absoluta precisão
Em vídeo que circula na internet (veja abaixo), o ex-governador cearense lista todas as vezes em que Lula deixou que o país fosse prejudicado para surgir como salvador depois.
O PT e Lula têm episódios contraditórios para ilustrar as últimas três décadas no Brasil.
O partido foi contra a Constituição de 1988. Lula fez discurso, no dia anterior à assinatura, criticando o texto, dizendo que lutou para "dar mais aos trabalhadores". Mas, no dia seguinte, todos os deputados constituintes do PT, inclusive o próprio Lula, assinaram.
É só um exemplo.
Já Ciro Gomes (PDT) é um homem peculiar. Na prática é um desastre. Mas, na teoria, costuma ser preciso. Foi um bom governador porque aproveitou muito da herança de Tasso Jereissati (PSDB), seu antecessor no Ceará. Ministro da Fazenda, só pegou o bonde do Plano Real de Fernando Henrique (PSDB) pronto e apertou o botão para fazê-lo andar.
Agora, quando ele fala, fala muitas verdades e costuma encaixá-las em contexto que todo mundo entende, o que é de uma habilidade rara.
Em um vídeo que circula na internet, respondeu por quase cinco minutos a uma pergunta de um jornalista, de um blog ligado ao PT, fazendo um verdadeiro inventário de todas as vezes em que Lula pensou só nele próprio e prejudicou o país.
Lembrou, por exemplo, que Lula teve participação nas vitórias de Fernando Collor e de Bolsonaro (PL), porque eram bons momentos para jogar o país no buraco e ele surgir como salvador, depois.
Na resposta, Ciro foi além da Constituição que citamos aqui.
Lembrou que Lula foi contra a escolha de Tancredo Neves em 1985, porque acreditava que se Maluf (que disputou com Tancredo) fosse o presidente, alguém da direita, o Brasil "ia pro brejo" (segundo Ciro) e ele poderia se anunciar como salvação em seguida.
Tancredo atrapalhava, porque já tinha apoio da esquerda e dividia esse espaço com o próprio Lula.
Ciro segue no vídeo, fazendo um questionamento para o qual se sabe haver muita razão: "será que, se não fosse a contradição econômica, social e moral do Lula, nós teríamos Bolsonaro?".
"Para o Lula, o Brasil é um objeto e se ele não estiver na eleição nada presta. Eu não posso ficar, de novo, sustentando as irresponsabilidades dele. Eu apoiei ele a vida toda", finalizou, Ciro.
Há algo que precisa ser dito sobre 2018. Este colunista lembra de uma pergunta feita a uma fonte no Palácio do Campo das Princesas, após uma reunião em que Gleisi Hoffmann (PT) tentava conseguir o apoio do PSB para o PT. "Ela insiste, de verdade, que Lula vai ser candidato, mesmo estando preso, mesmo não tendo a menor possibilidade de ele disputar?".
A resposta da fonte, que estava na reunião: "Diz que ele é o candidato, como se fosse a coisa mais real do mundo, mas todo mundo sabe que não tem lógica e ninguém está entendendo".
Depois se entendeu.
Em 2018, Lula estava preso e não tinha possibilidade jurídica de ser candidato. Ciro se apresentou como a opção da esquerda e a maior parte do PSB, que virou uma noiva da eleição, topava apoiá-lo.
As pesquisas, em determinado ponto, mostravam que, num segundo turno, os únicos capazes de vencer Bolsonaro eram Lula ou Ciro.
Lula, então, lançou-se candidato, preso, e começou a sustentar a tese de que seria o nome do PT e até sairia da cadeia para participar de debates.
Uma maluquice, se não fosse muito bem planejada.
Não pensou no país, mas pensou em sua própria sobrevivência política. O pior que podia acontecer era Bolsonaro fazer um péssimo governo e ele, Lula, surgir como salvador depois.
Como Lula insistia, dividindo o eleitorado de esquerda, o PSB resolveu ficar neutro.
O resultado, disso é chamado oficialmente de presidente da República há quase três anos e meio e faz um governo tão ruim que, surpresa, Lula é o "salvador" do país em 2022.
Ciro pode estar praticamente perdido na eleição deste ano, mas se houvesse um "presidente do discurso teórico", ele estaria eleito, com méritos. E mais, é preciso dizer que poucas pessoas, no meio político, tem coragem de fazer as observações que ele faz.
Já se houvesse memória nesse país, Lula nem seria candidato. E, talvez, ainda estivesse preso.