Cena Política

Nacionalizar a campanha tem dado certo para o PSB em Pernambuco. Oposição terá que fazer mais do que mostrar números

É assim, no mínimo, desde 2010. O outro ponto comum, desde 2010? Eles venceram todas as eleições.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 22/02/2022 às 15:34
Análise
X

A oposição em Pernambuco terá um desafio grande: trazer a discussão local para a eleição local.

E transformar isso em voto é mais difícil ainda.

Em reserva, uma fonte na pré-campanha de Raquel Lyra (PSDB) respondeu à coluna sobre a estratégia da Frente Popular, de colar Bolsonaro (PL) nos adversários e levantar a bandeira de Lula (PT), além de minar as bases dos prefeitos candidatos no interior. Segundo esta fonte, o foco do grupo de oposição será apresentar os resultados do PSB nos últimos anos.

"Pernambuco é campeão nacional de desemprego, considerado o pior ambiente de negócios para investimentos privados no Brasil, em investimentos públicos perde para Alagoas, Piauí e Maranhão, sem falar em Ceará e Bahia, e ainda é um canteiro de obras inacabadas. Não é por acaso que eles querem nacionalizar a campanha e não falar em Pernambuco", comentou.

É tudo verdade, as críticas estão todas embasadas, mas tem um problema: não será a primeira vez que o PSB faz campanha deixando Pernambuco de lado e apostando em discussões nacionais.

É assim, no mínimo, desde 2010.

O outro ponto comum, desde 2010? Eles venceram todas as eleições.

Em 2018, especificamente, Paulo Câmara (PSB) tinha quase 60% de rejeição e venceu no primeiro turno apontando os adversários como "turma de Temer".

A tática de nacionalizar o discurso dá certo e, ainda mais agora, com a polarização Lula x Bolsonaro, seu resultado pode ficar mais evidente.

Será preciso muito mais do que mostrar números ruins do estado para vencer.

Há um equívoco ao avaliar a sensação do eleitor sobre os números ruins do PSB. Os dados só viram votos se atingirem diretamente o sujeito que visita a urna. Ou não importam.

Em 2018, a oposição apostou nos números da violência. Em alguns meses, o governo investiu em segurança, as pessoas se sentiram seguras e esqueceram que havia assaltos antes.

Se você não é assaltado, "a violência não existe".

Dando outro exemplo: dados sobre desemprego comprovam que a gestão falhou, mas só se transformam em votos se o sujeito estiver desempregado. E não quer dizer que o voto será na oposição.

É aí que entra a estratégia socialista de nacionalizar o discurso. Porque o candidato do PSB ainda pode olhar no olho do desempregado e garantir que "a culpa é de Bolsonaro (PL), que está no outro palanque".


Tags

Autor