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Se Bolsonaro seguir crescendo nas pesquisas, estratégia do PSB de nacionalizar disputa em Pernambuco pode dar errado

Em 2018, o PSB nacionalizou a campanha local, mas o "vilão era Michel Temer (MDB) e não Bolsonaro.

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Igor Maciel

Publicado em 15/03/2022 às 14:58
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A recuperação de Jair Bolsonaro (PL) em algumas pesquisas acende um sinal amarelo para a estratégia do PSB de nacionalizar a campanha em Pernambuco.

Na campanha de Danilo Cabral (PSB) que já tem uma equipe sendo definida, olhos estão atentos aos números locais das pesquisas.

Apesar de a rejeição ao presidente ser muito alta no Nordeste, os resultados da média nacional e a influência regional disso estão sendo observados.

A esperança dos bolsonaristas é que, nos próximos meses, o antipetismo cresça novamente, quando a campanha de Bolsonaro começar a bater nos processos contra Lula (PT) e contra outros integrantes do PT.

O discurso conservador também será importante nesse processo.

Para quem acredita que Bolsonaro voltar a crescer em Pernambuco é impossível, seria bom lembrar que, em 2018, o atual presidente venceu, no primeiro turno, no Recife, Olinda, Jaboatão, e em vários municípios do interior, como Caruaru, por exemplo.

A base dessas vitórias foi o antipetismo, que mudou o jogo na reta final. Na época, o PSB nacionalizou a campanha, mas o "vilão" da narrativa socialista era Michel Temer (MDB) e não Bolsonaro.

Como está se desenhando um cenário em que o candidato bolsonarista será Anderson Ferreira (PL), caso a eleição local vá para o segundo turno e a adversária seja Raquel Lyra (PSDB), que não tem "história" com Bolsonaro como Miguel Coelho (UB), o risco de insistir na nacionalização será grande para o PSB.

Segundo turno é problema

Independente de quem seja o candidato da oposição no segundo turno, será um problema para o PSB. Em 2020, o fato de a adversária ter sido Marília Arraes, uma petista, ficou mais fácil atrais votos da direita com o discurso antipetista. 

Em 2022, no segundo turno, a tendência é que os candidatos à direita se unam, todos, contra o PSB.

Sobre 2018

É verdade que Bolsonaro perdeu no segundo turno no Recife em 2018, mas isso só aconteceu quando o PSB já estava com o governador Paulo Câmara (PSB) reeleito e o partido entrou, de verdade, na campanha pelo PT.

No primeiro turno, o PSB fez corpo mole para não deixar o antipetismo prejudicar Paulo.

Os votos da direita eram necessários, como foram para eleger João Campos (PSB) em 2020.

No primeiro turno, Bolsonaro venceu Fernando Haddad (PT), no Recife, por 43% x 30%.

Quando foi ao segundo turno e o PSB de Pernambuco perdeu o temor de fazer campanha para o petista, o jogo virou e Haddad venceu na capital pernambucana: 52% x 47%.

Constatação: o PSB tem uma máquina robusta para produzir votos, mas precisa dos votos de parte da direita pra vencer.

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