Lula e Bolsonaro não conseguem atrair multidões. Nossos populistas estão com problemas para juntar gente
Exceto pelas fotos feitas com estratégias de ângulo e aproximação para dar a ideia de multidão, as imagens aéreas dos dois eventos em que eles estiveram tem muito mais chão do que cabeça.
As manifestações do dia 1º de maio no Brasil entregam algo que precisa ser analisado sobre o comportamento do eleitor para este ano de 2022. Bolsonaro (PL) não levou muita gente pra rua e Lula (PT) também não.
São os dois políticos mais próximos do que qualquer eleitor pode denominar como "meu populista favorito". E está faltando povo na rua, para os dois.
Exceto pelas fotos feitas com estratégias de ângulo e aproximação para dar a ideia de multidão, as imagens aéreas dos dois eventos em que eles estiveram tem muito mais chão do que cabeça. O vazio petista chama mais atenção porque nos acostumamos a ver grandes multidões onde quer que Lula estivesse.
"Onde está o povo?", dizia Jânio Quadros, olhando pela janela do avião, logo após renunciar acreditando que voltaria à presidência carregado pelos apoiadores em 1961. O eleitor de Jânio, à época, estava cheio de problemas para resolver com as contas de casa e cansado dos cabos de guerra criados pelo populista mais famoso de então.
Quando renunciou, muita gente que votou nele ficou aliviada. Que fosse embora em paz.
Fala-se muito em polarização neste ano de 2022, como se as pessoas estivessem nas ruas rasgando dinheiro pelos seus candidatos, enlouquecidas.
Olhando atentamente, a impressão é mais de um eleitor cansado, parecido com o que deu de ombros à renúncia de Jânio.
Não confundir
Não confundir falta de paixão com participação ou interesse nas eleições. Porque não somos como outros países, onde o voto não é obrigatório.
Por mais que as multas da Justiça Eleitoral sejam irrisórias, a cultura brasileira é diferente. Temos aumento de ausência nas urnas, votos nulos e brancos, mas ainda escolhemos alguém na urna. Mesmo que seja pra ter do que reclamar depois.
Falência da paixão
A paixão eleitoral está falindo e Lula ou Bolsonaro não conseguem atrair manifestantes orgânicos para as ruas em volume. Lula está cansando o eleitor há 20 anos, com as guerras contra as "elites" (que ele beneficiou), o PSDB (que ele gostava de ter como adversário) e agora contra Bolsonaro (que ele fez questão de evitar o impeachment).
Já Bolsonaro, em dois anos de pandemia, cansou o eleitor por 20 anos.