Longe de Lula e Jair Bolsonaro, a terceira via precisa parar de chorar as pitangas
O problema é que no Brasil só se olha para fora do populismo quando o calcanhar encosta no fundo do poço, a água está no queixo e a credibilidade de todos os caudilhos de palanque perece.
Os portugueses têm a expressão “chorar lágrimas de sangue” que o brasileiro transformou em “chorar as pitangas”. Isso acontece porque os olhos ficam vermelhos durante o choro. Vermelhos como uma pitanga.
Pois a terceira via não para de chorar as pitangas pela dificuldade de uma alternativa à polarização Lula x Bolsonaro. Está tarde para isso.
É hora de planejar o depois.
Um importante personagem da política nacional, numa conversa recente com a coluna, alertou para a necessidade de se pensar em 2026. Tem toda razão.
Porque o grande problema da falta de alternativa em 2022 é a ausência de matéria prima.
Quem é a liderança que pode quebrar a polarização e que tem um recall político bem construído nacionalmente?
Não há. Precisa haver.
Nem entre eles
A dificuldade virá também pela ausência de nomes nas vizinhanças do lulismo e do bolsonarismo. Quem serão os sucessores dos dois favoritos de hoje. Lula, caso seja eleito, terá condição física para mais uma reeleição?
Essa fonte citada acima, que conversou com a coluna, é um ex-integrante da gestão Bolsonaro, de dentro do Palácio do Planalto, de um cargo de alto escalão, que acreditou no projeto bolsonarista mas saiu extremamente decepcionado. Ele relata que a saúde dos dois candidatos é algo que causa preocupação para o futuro.
No caso do atual presidente, a quantidade de vezes em que ele dá entrada no hospital chama atenção. É preciso ter opções viáveis e elas precisam ser construídas agora para terem tempo de crescer.
Tebet
Isso precisa aparecer já em paralelo à candidatura de Simone Tebet (MDB), com quem os democratas e liberais de mínimo juízo deverão marchar por agora. Tebet e Tasso Jereissati (PSDB), se não forem a solução, precisam ser o ponto de partida e o parâmetro para a construção de um nome para 2026.
O problema é que no Brasil só se olha para fora do populismo quando o calcanhar encosta no fundo do poço, a água está no queixo e a credibilidade de todos os caudilhos de palanque perece.
Foi assim que elegemos Fernando Henrique em 1994. E ele ainda precisou ensaiar populismo, ou perderia.
Será preciso esperar o fundo do poço outra vez até que alguém realmente preparado para ser presidente volte a ter chances?
Alternativa
A outra explicação de origem para “chorar as pitangas” é a de que na língua guarani o vocábulo “pitang”, que vem de “mitang”, significaria “menino”. Chorar as pitangas, então seria "chorar feito criança”.
É preciso crescer e planejar, então.