Recuo de Bolsonaro é importante para mostrar que ele entende a situação em que está
Equipe de campanha precisou dar um choque de realidade no presidente para que ele aceitasse dar entrevista.
O resultado de qualquer negociação é o produto das necessidades de quem precisa mais daquilo que está sendo negociado.
O recuo de Bolsonaro (PL), que impôs condições para ser entrevistado pelo Jornal Nacional, teve as cláusulas negadas e, ainda assim, aceitou o convite, é resultado da frase inicial desse texto.
Bolsonaro queria que os apresentadores do JN fossem até o Palácio da Alvorada em Brasília para que ele fosse entrevistado lá, enquanto os outros dariam entrevistas no estúdio, no RJ.
A globo negou, afirmando que desde 2014 definiu que isso não aconteceria mais (como ocorreu com Lula e Dilma presidentes), porque precisava garantir tratamento igual a todos os candidatos, independente do cargo que ocupam.
A negociação teve controvérsias, com o filho do presidente publicando que a Globo tinha cedido e o entrevistaria no Palácio. Flávio Bolsonaro (PL) acabou desmentido pela emissora.
Horas depois, o presidente teria avisado aos próprios ministros que toparia e viajaria ao RJ para dar a entrevista no estúdio.
Já nesta sexta-feira (5) saiu a confirmação oficial, com uma mensagem à emissora, a campanha de Bolsonaro confirmou que ele irá para os estúdios ser entrevistado por William Bonner e Renata Vasconcellos no dia 22 de agosto.
O que significa o recuo?
Bolsonaro precisa ir.
E por mais que não tenha sido atendido, é obrigado a admitir que não existe audiência jornalística maior no Brasil do que a do Jornal Nacional e é a melhor chance possível para ele falar ao público que recebe Auxílio Brasil, por exemplo, e tentar conquistar esse público que nem sempre têm acesso à internet.
Como militar, sabe que muitas vezes é preciso recuar para avançar.
É curioso, porque a Globo é atacada constante e consistentemente há anos pelo próprio presidente e pelos seus apoiadores. Há, entre os bolsonaristas, quem defenda fechar a emissora, entre outros absurdos.
Mas, a equipe de campanha do candidato à reeleição o convenceu de que se ele não ceder, está perdido. Foi preciso dar um choque de realidade mostrando que a situação dele é difícil e ainda há chance real de Lula vencer no primeiro turno.
Se ele está realmente convencido disso e começar a mudar de atitude, já é uma evolução.