Cena Política

Bolsonaro, o jogo feio da seleção de 1994 e a entrevista no Jornal Nacional

Para quem temia que o presidente tirasse o microfone, levantasse e fosse embora, sabatina na Globo foi lucrativa.

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Igor Maciel

Publicado em 22/08/2022 às 22:21 | Atualizado em 22/08/2022 às 22:48
Análise
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A ideia do impossível com chance de se realizar, era algo bem presente há quase 30 anos, na copa do mundo de 1994.  Nesta segunda-feira (22), na entrevista de Jair Bolsonaro (PL) ao Jornal Nacional, essa impressão se fez presente também.

Em 1994, a seleção brasileira de futebol tinha um jogo considerado feio e foi campeã. O jogo de Dunga, Jorginho e Mauro Silva era truncado, mais de força e fôlego do que de talento.

O diferencial era que, na hora de decidir, um fora de série Romário se destacava.

Ninguém dava nada pelo Brasil de 1994, mas as outras candidatas ao título eram igualmente ruins e não tinham Romário. Acabamos tetracampeões.

Bolsonaro

As torcidas, como sempre, vão gritar versões daquilo que puderem para sustentar seus propósitos. Mas, a verdade é que o presidente, apenas por não ter explodido, xingado ou levantado da mesa e ido embora, saiu-se bem.

Sim, porque era essa a expectativa que muitos tinham, inclusive na própria equipe de campanha. Houve o temor de que, irritado com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, Bolsonaro tirasse o microfone, levantasse e saísse.

Seria uma tragédia, igual perder para a Rússia ou para Camarões na Copa, logo na primeira fase.

Essa primeira prova mostrou que Bolsonaro pode tentar ser normal. Na bancada do JN estava um presidente da República, como poucas vezes ele se pareceu nos últimos anos.

O discurso é ruim? É péssimo, na verdade.

A dificuldade para encadear argumentos continua sendo protagonista. Não é por acaso que fez declarações e precisou admitir (sem assumir) o engano, como ao dizer que “nunca xingou ministros do Supremo”, para depois afirmar que “xingou apenas um, porque foi provocado”.

Era o calo?

O ápice da entrevista? Por incrível que pareça, a Economia.

Não se trata de gostar ou não gostar dele, concordar ou achá-lo bonito. Trata-se de entender que ele soube aproveitar o momento.

A Economia, que era prevista como o maior calo desse governo, acabou sendo o ponto alto das falas de Bolsonaro. Ele conseguiu assumir a paternidade dos programas sociais aprovados e que começaram a ser distribuídos nos últimos dias.

Conseguiu falar para o seu público e também para aqueles que não votam nele, mas estão recebendo ajuda do governo nos últimos dias.

A entrevista mostrou que, se pode ser controlado por uma equipe de campanha, Bolsonaro pode ser um candidato muito melhor do que o presidente dos últimos quatro anos.

O "futebol" agora é bem diferente do que era há 28 anos. A política também. E ainda faltam quase 40 dias de campanha, com um guia eleitoral no caminho e uma rejeição altíssima.

Não é fácil, mas não parece tão impossível como já pareceu.

Agregador de Pesquisas do JC

Confira os números para presidente da República no Nordeste:

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