Cena Política

A diferença entre Lula "inocente" e "inocentado" para ficar bem claro

Confira a coluna Cena Política deste domingo (28/8)

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 28/08/2022 às 0:01
Análise
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Apesar de algumas pessoas tentarem, deliberadamente ou por ignorância, confundir as palavras, “inocente” e “inocentado” são expressões com significados diferentes, principalmente no âmbito jurídico. Lula (PT), hoje, pode ser considerado inocente, sim, aos olhos da Lei. Mas, dizer que ele foi inocentado, como se os crimes dos quais é acusado tivessem sido analisados, os atos julgados e houvesse uma absolvição, é falso.

Jornal Nacional

Quando, na entrevista ao Jornal Nacional, William Bonner declarou que ele “não devia nada à Justiça", está correto, por mais que tenha sido criticado. A dívida com a Justiça só existe após a condenação e a condenação de Lula, concorde-se ou não, foi anulada pelos tribunais. Quando os advogados do petista e seus apoiadores usam a expressão “inocentado”, porém, estão mentindo. O cenário atual é que o processo foi reiniciado, Lula ainda é acusado, mas como qualquer brasileiro que vive sob a Constituição Federal, é inocente até que se prove o contrário, até ser condenado ou não. Ele só pode ser considerado absolvido (inocentado) quando o julgamento for finalizado. E, se tem algo que ele não quer é que o processo seja finalizado. A verdade é que dificilmente esse julgamento acontecerá. Então, essa será a condição por muitos anos, até que o processo seja extinto. Lula será inocente, mas não inocentado.

Futuro

Essa diferença é essencial para determinar que, embora o ex-presidente continue sendo considerado juridicamente como alguém que não cometeu os crimes que lhe foram atribuídos, ele nem tão cedo poderá dizer que “ficou provado não os ter cometido”. Talvez nem o possa fazer em vida. Para alguém que se preocupa em manter a integridade de sua biografia é algo muito ruim. Para Lula, só ele sabe.

Em Pernambuco

Observando as sabatinas com os candidatos ao governo de Pernambuco, é preciso destacar a dificuldade que todos eles têm. Todos mesmo. Ninguém consegue sair das platitudes na hora de propor algo para o desenvolvimento da economia em cada região do estado.

O problema é maior quando se vai para o interior. Alguns parecem desconhecer o que já é feito em cada região, as vocações econômicas do Agreste e do Sertão, por exemplo. Quais as propostas para o Polo Têxtil, para o setor de avicultura, produção de leite, fruticultura? O curioso é que, se questionados, todos os pleiteantes correm ao lugar comum: impostos.

Impostos

Reduzir tributos é essencial, principalmente se levar em consideração a vocação do atual governador, que é só cobrar impostos. Mas, ir além, com alguma promoção dessas vocações, com incentivo direto mais efetivo do que simplesmente não cobrar tributos, é raro. Para encontrar isso na campanha, até agora, só apelando para os candidatos ao Senado. Dois que já deram entrevistas à Rádio Jornal esta semana chamam atenção neste ponto.

Guilherme Coelho (PSDB) e Gilson Machado (PL) conseguiram falar sobre duas vocações e até detalhar o que pensam para esses setores. O primeiro carrega a bandeira da fruticultura no Sertão do São Francisco com uma paixão de chamar atenção.

Não é por acaso, Guilherme é, ele próprio, um produtor rural que exporta frutas para o mundo inteiro, saindo de uma região que tinha tudo para não ser nada, não fosse o investimento público e a criatividade de pioneiros na região, inclusive da família dele.

Já Gilson Machado, pela ligação que tem com empresários do setor têxtil, consegue detalhar bem as necessidades dessa atividade. Sabe que são necessários investimentos e maior liberdade para que o setor trabalhe e se desenvolva, com exportação para competir com mercados como a China.

Vai além dos tributos, senhores e senhoras pleiteantes ao governo. Vai além dos tributos.

Marília

A ausência de Marília Arraes (SD) num debate de rádio no interior do estado, esta semana, evidenciou o propósito de cada candidato ao governo neste início de disputa. Danilo virou o alvo de todos e terminou sem ter em quem descontar as pancadas que levou.

O socialista tentava provocar os colegas a criticar a ausência da adversária, que hoje lidera as pesquisas. Foi ignorado e precisou responder sobre a gestão de Paulo Câmara, do mesmo PSB, quase que o tempo todo.

Marília, com posição muito sólida para o segundo turno, só é alvo de Danilo. A Anderson Ferreira (PL) só interessa rivalizar com o socialista, para protagonizar com ele (e não com a neta de Arraes) a polarização local “Lula x Bolsonaro”. Danilo é um adversário mais fácil no segundo turno do que Marília.

Já Miguel Coelho (UB) e Raquel Lyra (PSDB) trocaram farpas entre si. A disputa deles é para ver quem sobrevive fora da inevitável polarização.

Essas posturas devem se repetir nos programas de cada candidato dentro do guia eleitoral ao longo desta primeira semana que vai definir o potencial de cada nome para a disputa que acontece já em outubro.

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