Cena Política

Os quatro erros de Paulo Câmara e a responsabilidade de Danilo Cabral em caso de derrota

Aliados apontam falhas na concepção do projeto para este ano, mas ainda aguardam um crescimento do socialista.

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Igor Maciel

Publicado em 01/09/2022 às 12:33
Análise
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Um ex-aliado da Frente Popular, numa conversa com a coluna, explicou os motivos do grupo que ele faz parte ter desistido de seguir no palanque do PSB este ano. Ele diz que algumas atitudes dos socialistas acabaram impossibilitando a permanência.

Num momento em que aliados começam a reclamar e dar prazos para que Danilo Cabral (PSB) cresça nas pesquisas (ou irão embora), o assunto volta à tona. A confiança ainda segue, aguarda-se que Danilo reaja nos próximos dias. Mas, todo mundo está fazendo cálculo.

Segundo esse ex-aliado, Paulo Câmara (PSB) cometeu quatro erros:

Geraldo

O primeiro erro de Paulo, segundo esta fonte, foi ter ignorado o "candidato natural". E o nome era Geraldo Julio (PSB). É verdade que Geraldo tinha questões familiares e não se mostrou disposto, muitas vezes, a encarar o processo.

Mas, acredita-se que tudo poderia ter sido resolvido com empenho do governador e o apoio necessário. O que não aconteceu.

Lula

O segundo erro de Paulo teria sido a subserviência a Lula (PT) e ao Partido dos Trabalhadores. Para alguns aliados, o ex-presidente foi colocado num pedestal pelo PSB, como se fosse um resolvedor de tudo e como se fosse ficar à disposição dos socialistas, esforçando-se para eleger Danilo Cabral (PSB) a qualquer custo.

Ter aceitado o PT ocupando a vaga do Senado foi uma consequência dessa subserviência. Os socialistas sabiam que era um risco, porque os petistas poderiam pedir votos para Teresa Leitão (PT) e ignorar Danilo.

E é o que está acontecendo.

Progressistas

O terceiro erro se deu ainda na articulação com partidos aliados. Para não perder o PP de Eduardo da Fonte, Paulo aceitou condições que comprometeram a aliança com outros partidos. O episódio da troca do presidente da Ceasa, por exemplo, provocou atritos com aliados diversos.

E, agora, há quem diga que o PP vai cumprir os acordos no primeiro turno, mas que a tendência é esperar o segundo turno para decidir quem apoiar. Vale lembrar que, antes de confirmar a permanência na Frente Popular, Dudu da Fonte (PP) quase seguiu com Marília Arraes (SD).

Luciana

No fim de tudo, o quarto erro de Paulo Câmara teria sido colocar Luciana Santos (PCdoB) como vice de Danilo Cabral.

Luciana é a atual vice de um governo que tem 70% de rejeição, comandado pelo próprio Paulo. Na política, é muito importante reconhecer a hora de agregar e de se afastar. A indicação de Luciana agregou Paulo e o atual governo a Danilo. Foi como amarrar os pés dele com uma corrente.

Seria diferente?

Nesses quatro erros apontados, é possível entender e justificar as posições do governador.

A relação com Geraldo Julio já era muito ruim e ele não ter se apresentado como candidato desde o início permitiu que Paulo buscasse alternativas.

As acusações sobre os gastos na pandemia pela prefeitura do Recife também eram um risco considerável. Tudo podia ser superado? Podia.

Mas, não foi.

Postes

Lula é um erro do qual o PSB não conseguiu fugir. Para entender, é preciso olhar o PSB de hoje. Quem é sua principal liderança?

Em Pernambuco, quem é a sua principal referência?

A verdade é que Eduardo Campos criou no PSB um amontoado de postes que sempre precisavam de sua energia e de sua liderança. Quando ele morreu, a luz ficou fraca e foi iluminando do jeito que dava.

Na hora de enfrentar um grande desafio como essa eleição, é natural que o poste procure uma luz. Olharam para todos os lados e só acharam Lula.

Risco contabilizado

Sendo pragmático, o PSB não confia no PP. Mas, ficar sem o tempo de televisão e rádio do partido, sem falar na imagem arranhada de ver aliados abandonando o barco antes de a viagem começar, era arriscado demais. Se houver traição, isso já está na conta.

E seria quem?

Por fim, a vice de Danilo foi oferecida a André de Paula (PSD), Silvio Costa Filho (Republicanos), Wolney Queiroz (PDT) e Raul Henry (MDB), apenas para citar os mais conhecidos.

Ninguém aceitou. Luciana era a opção que resolvia isso, já no fim do prazo. Foi o que deu.

Danilo

Analisando bem, os erros de Paulo (reais) foram ocasionados por problemas de curta, média e longa história dentro do PSB e das gestões lideradas pelo partido em Pernambuco. O governador foi apenas quem assumiu a batata quente de liderar a campanha porque estava sentado na cadeira.

Se isso vai impossibilitar a eleição de Danilo, é difícil dizer ainda, porque faltam 30 dias de campanha.

Mas, se acontecer, também não terá sido culpa dele. O deputado tem protagonismo em sua carreira política, goste-se de seu direcionamento ou não. Ele também não vem sendo questionado pelos adversários por causa de seus posicionamentos ao longo da vida.

Nesta eleição Danilo está tendo que responder todos os dias pelos outros, pelas gestões dos outros.

Sendo justo, é importante dizer que se a campanha der errado e terminar em derrota, Danilo será o mais inocente dos culpados.

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