Cena Política

Cena Política: Pontos fortes e fracos de Raquel Lyra. E o voto cruzado entre Teresa Leitão e Marília Arraes

Candidata tem trunfo em mais uma região, além do Agreste.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 21/09/2022 às 0:01
JANAÍNA PEPEU/DIVULGAÇÃO
Raquel Lyra e Priscila Krause durante campanha nas eleições 2022 - FOTO: JANAÍNA PEPEU/DIVULGAÇÃO
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Guilherme e Gilson

A entrada de Guilherme Coelho (PSDB) atrapalhou muito as chances de eleição de Gilson Machado (PL).

O candidato bolsonarista era favorito, por uma série de fatores. A rejeição de Bolsonaro não atrapalha tanto a disputa pelo Senado e é uma eleição de turno único. A tendência era que ele ficasse apenas com a parte boa, o apoio ao presidente no Estado.

Apesar disso, Guilherme Coelho acabou assumindo boa parte desse apoio, porque é um nome muito forte no Agro, faz parte dele e é muito respeitado, principalmente no interior do estado. Isso atrapalhou muito.

A coluna teve acesso a uma pesquisa bem detalhada sobre a eleição em Pernambuco, encomendada por um grupo que presta consultoria para vários candidatos. É possível, nesse levantamento, observar que Guilherme limita o crescimento do ex-ministro do Turismo assim que é anunciado na chapa de Raquel Lyra (PSDB). Como os votos ficaram divididos e Gilson já disputava alguns votos com André de Paula (PSD), tornou-se difícil.

A expectativa, agora, é que Anderson Ferreira (PL) possa subir seus números e puxar o candidato ao Senado, mas a rejeição que não impacta tanto o ex-ministro atrapalha muito o candidato ao governo e limita seu crescimento. Não é fácil.

Para completar, Teresa Leitão (PT) abriu uma vantagem grande demais neste momento, faltando menos de 15 dias para a eleição.

Teresa Leitão

Teresa Leitão (PT) está com boa vantagem na disputa pela única cadeira do Senado em Pernambuco este ano e a abrangência das intenções de voto dela chama atenção. Porque não é algo limitado à sua própria chapa. Muito longe disso, aliás.

Teresa tem votos entre eleitores de Danilo Cabral (PSB), cerca de 40%, mas a maior parte de suas intenções de voto está entre eleitores de Marília Arraes (SD): 41%.

Os números, obtidos pela coluna em pesquisas internas das campanhas, mostram que a candidatura forte da Frente Popular é a de Teresa e não a de Danilo. É ela quem precisa puxar o candidato a governador e não o contrário. Ela é a ponte para que os eleitores que hoje estão com a neta de Arraes voltem para o PSB.

O problema é que integrantes da equipe de Teresa não estão muito dispostos a brigar com a realidade e arriscar a vitória da petista. “Se eleitores de Marília querem votar nela, quem somos nós para nos meter? Todo mundo sabe que o candidato dela é Danilo. Conhecimento foi dado. Quem vai forçá-los?”, explicam.

Na formação da chapa, um integrante do Palácio do Campo das Princesas comentava o medo que o PSB tinha de colocar o PT no Senado e ver o partido fazendo campanha para Teresa e ignorando Danilo. Hoje se vê que era um temor muito bem fundamentado.

André de Paula

A situação de André de Paula (PSD) é diferente. Ele precisa, e muito, de Marília Arraes. Enquanto Teresa tem 41% de intenções de voto entre os eleitores de Marília, André de Paula, o candidato oficial do palanque, tem 19%.

A questão para Marília, entretanto, é parecida com a de Teresa. Como ela vai forçar seus eleitores a votarem em André se boa parte deles é petista (cerca de 50%) e quer votar na petista (Teresa)? Vai brigar com eles e se arriscar a perdê-los?

Raquel Lyra

Esta mesma pesquisa a que a coluna teve acesso, por ser bem detalhada, traz informações regionais importantes. Raquel Lyra (PSDB), por exemplo, está tendo dificuldade na Região Metropolitana do Recife. A campanha dela está presente, mas encontra dificuldades para reunir votos. A ex-prefeita de Caruaru tem menos de 10% das intenções de voto na RMR. Fica atrás de Marília e Anderson, empatando com Danilo Cabral (PSB) na margem de erro.

A Região Metropolitana é considerada essencial porque é onde os votos são mais difíceis de se perder nas vésperas da eleição. No esforço final de estrutura que as campanhas fazem no dia antes da votação, eleitores do Agreste, Sertão e Zona da Mata são considerados “mais volúveis” pelas campanhas.
Independente disso, Raquel se destaca na Zona da Mata e no Agreste, onde tem cerca de um terço das intenções de voto de cada região.

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