Marília Arraes terminou eleição em terceiro lugar no Recife. Resultado joga favoritismo para Raquel Lyra
Ambiente é de apoio à ex-prefeita de Caruaru na disputa pelo governo do Estado. Até adversários históricos estão lhe declarando apoio.
Raquel Lyra (PSDB) ter vencido a eleição em Caruaru é normal. Como Anderson Ferreira (PL) ter vencido em Jaboatão dos Guararapes e Miguel Coelho (UB) ter vencido em Petrolina. O surpreendente fez morada no Recife. E aqui é importante explicar o motivo. O maior trunfo de Marília Arraes (SD) era seu recall na capital. A candidata esteve no segundo turno da eleição municipal de 2020 e terminou a disputa com 43,7%. Isso foi há pouco tempo, dois anos.
Já Raquel, antes da campanha, só vinha ao Recife bater à porta de Paulo Câmara (PSB), tentando conseguir verbas para a prefeitura de Caruaru. E quase nunca com algum sucesso.
Como explicar que, esta semana, apesar de toda a exposição, Marília só conseguiu alcançar 18,6% do eleitorado recifense?
Foi Raquel quem venceu a eleição na capital, com 24,3%. Se você dissesse, no sábado antes da eleição, que isso poderia acontecer, seria chamado de louco, no mínimo.
O segundo colocado foi Anderson Ferreira e a neta de Arraes ficou em terceiro. A candidata que quase foi prefeita do Recife terminou com menos da metade dos votos que teve dois anos atrás e quem venceu foi a ex-prefeita de Caruaru.
O resultado de Raquel, num reduto que deveria pertencer à adversária, é algo que excede a simples surpresa, anunciando talvez o sintoma de algo que ainda está sendo diagnosticado por analistas políticos. O ambiente é diferente de tudo o que se imaginou para esse início de segundo turno.
Mesmo quem acreditava que a etapa complementar da eleição seria entre as duas mulheres está percebendo uma diferença do que era imaginado, com vantagem muito forte para Raquel.
Indo para o resto do estado, vale lembrar todas as polêmicas partidárias em que Marília se envolveu, saindo do PSB, e depois do PT, sempre por alguma briga interna e com muito barulho na mídia. Nesses momentos a imagem que ficou dela sempre foi a de injustiçada, levando à solidariedade de um público. Ela é conhecida em todo o estado, pelos entreveros ou pelo sobrenome. Diante disso, o segundo lugar em todo o estado com uma margem tão pequena, tendo liderado a apuração por vários momentos, é um sinal claro de que a força da ex-prefeita de Caruaru é muito maior do que se imaginava.
E seu fortalecimento deve acontecer já nesses primeiros dias. Em menos de 48h ela conquistou uma lista de apoios nos palanques adversários. Um outro sintoma desse ambiente favorável, aliás, é que ela está recebendo declarações até de adversários históricos em Caruaru. O próprio Miguel Coelho (UB) se apressou em declarar apoio quando a apuração ainda nem tinha sido oficialmente encerrada.
Não existe catalisador mais eficiente no mundo da política do que a expectativa de poder. Nem o próprio poder é capaz de concorrer com a possibilidade concreta de alcançá-lo em alguma medida. É o fenômeno que estamos vendo agora. E a vantagem neste momento não está com Marília.