Cena Política

Paulo Câmara deveria ter direito de resposta no debate entre Marília Arraes e Raquel Lyra

Governador foi mais citado do que quando era ele o candidato.

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Igor Maciel

Publicado em 18/10/2022 às 16:41
Análise
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Se fosse para ser justo, Paulo Câmara (PSB) deveria ter sido convidado para o debate promovido pela Fiepe com as candidatas ao governo de Pernambuco. Mais que isso, deveria ter uma cadeira e ter ao menos 40 minutos de direito de resposta.

O governador de Pernambuco foi transformado em protagonista pelas duas candidatas. Cada uma querendo jogar a rejeição dele no colo da outra. Nem nos programas eleitorais de Paulo em 2018 e 2014 se falou tanto nele próprio.

Era esperado que Raquel Lyra (PSDB) fizesse isso com Marília (SD) já que o PSB de Paulo declarou voto na neta de Arraes. Mas, foi a candidata do Solidariedade quem começou, tentando ligar a tucana ao governo socialista. Marília chegou a declarar que o apoio de Paulo Câmara a ela própria teria sido uma “armação da tucana”.

A partir daí, as frases “você que é apoiada por Paulo Câmara” e “você que ajudou Paulo Câmara a se eleger” viraram uma rotina sofrida para quem assistia e tinha alguma esperança de vê-las discutindo os problemas do estado.

Mas a postura de Marília chamou a atenção até de gente do próprio governo de Paulo, pego de surpresa pela “agressividade” da candidata. Questionada pela coluna sobre o protagonismo do nome de Paulo Câmara, uma fonte do Palácio do Campo das Princesas confirmou essa surpresa com o comportamento da candidata do Solidariedade, sem entrar em maiores detalhes.

Café

Quando Lula (PT) esteve no Recife, Paulo, Danilo, João Campos e Marília teriam tomado café com ele.

Ou Lula tomou café da manhã várias vezes, ou estavam todos juntos no hotel. Dividiram a mesma mesa, mas em público não apareceram juntos. Marília chegou a justificar que perdeu o elevador e não conseguiu descer com Lula na saída do local.

No debate, o constrangimento ficou evidente quando Marília praticamente admitiu que o PSB tinha declarado apoio a ela, mas que a maioria dos prefeitos estava com Raquel. Seria, na argumentação dela, uma prova de que os socialistas apoiam a adversária e tentavam prejudicá-la com a rejeição de Paulo.

A Frente Popular, é verdade, se dividiu entre as duas. Nesta terça-feira (18) mesmo, Gonzaga Patriota (PSB) declarou apoio à tucana. Antes, Felipe Carreras (PSB) declarou apoio à Marília. Raquel ficou com o MDB e Marília ficou com o PCdoB. É normal que grupos derrotados se dividam num segundo turno, cada um respondendo às particularidades de grupos políticos municipais.

A questão é que Marília estava agitada como se fosse oposição ao PSB de João Campos, com quem fez as pazes há menos de uma semana. O comentário nos bastidores foi que se unir ao PSB era uma condição para ter o apoio de Lula em Pernambuco e ela aceitou, mas que o resultado nas pesquisas internas tinha sido muito ruim. O eleitor não entendeu a reunião Marília/PSB, depois de tanto ódio trocado por anos. Por isso ela estaria tentando jogar o PSB em Raquel.

Se for verdade, preocupa. Ser balão de ensaio para administrar crise familiar é algo que o pernambucano não merece.

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