Cena Política

A derrocada da qualidade no Legislativo faz mais vítimas e prejudicará uma grande região Pernambuco

Perfil dos deputados estaduais e federais eleitos vem piorando a cada quatro anos e deixando de representar a população.

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 21/11/2022 às 10:08 | Atualizado em 24/11/2022 às 11:19
Análise
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Não existe espaço para pensar numa cabeça ocupada com a guerra. Não existe espaço para discussões importantes em um legislativo formado pela guerra. Infelizmente, a última eleição foi baseada na argumentação entre o nada e o coisa nenhuma das vontades apaixonadas de cada eleitor, todas transformadas em batalhas.

Não se trata de uma lamentação tardia pela qualidade das campanhas. Isso já foi feito aqui bem antes do resultado e nunca mudou a direção do barco, nem tinha a pretensão. Trata-se de um inventário do resultado eleitoral.

E se você entende inventário como algo feito após a morte de alguém, não está de todo errado.

Morreu o legislativo que discutia soluções para problemas dos estados e do país. Teremos um legislativo que discutirá o tamanho do problema dos adversários e as vantagens que podem levar com essa discussão.

O perfil dos deputados que assumem em 2023 é uma tragédia, com todo respeito aos bons deputados eleitos, porque alguns poucos são. Mas, é uma tragédia daquelas que não se saneiam em pouco tempo, como rescaldos de guerra.

Nos últimos anos foram voltando para casa parlamentares com perfil ético, famosos por bons discursos, lemes do Congresso. O leitor deve lembrar de muitos, alguns inclusive eram pernambucanos. Um remanescente ainda é o senador Jarbas Vasconcelos (MDB), mas sua atuação já não encontra espaço na Casa.

Tasso Jereissati (PSDB) é outro, mas que também parece já preparar a aposentadoria.

Devem ter o mesmo destino de Pedro Simon (MDB) que perdeu espaço em 2015 após mais de 30 anos no Senado. Cristovam Buarque, com trabalho marcado pela defesa da Educação, foi outro prejudicado nessas últimas ondas de debilidade crítica eleitoral.

Antes deles, Marco Maciel também perdeu espaço quando a qualidade deixou de ser requisito para ocupar uma cadeira no Congresso.

Locais

Nas assembleias legislativas, esta última eleição prejudicou um setor importante da economia pernambucana.

O sertão ainda ganhou Lucas Ramos (PSB) como deputados federal, mas perdeu Gonzaga Patriota (PSB).

Já o polo de confecções ficou sem nenhum representante.

Na hora de ir à urna, o eleitor do Agreste priorizou aqueles que estavam em guerra defendendo Lula (PT) ou Bolsonaro (PL), independente de seus currículos ou de suas defesas.

Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama perderam todos, absolutamente todos os seus representantes na Alepe comprometidos com essas questões econômicas regionais.

Dois venceram, mas traduzem a mudança de perfil.

Rosa Amorim (PT) é de Caruaru, mas sua luta é pelo MST e por Lula (PT).

Abimael Santos (PL) é de Toritama, mas o discurso de campanha foi só a defesa de Bolsonaro. Se fizerem algo diferente, será bom, mas será surpresa.

Enquanto isso, José Queiroz (PDT), Erick Lessa (PP), Tony Gel (PSB), Diogo Moraes (PSB), Edson Vieira (UB), todos dessa região, tiveram sua permanência (ou a volta, no caso de Edson) sustadas. Sem falar em Wolney Queiroz (PDT), deputado federal, que também não foi reeleito.

Quando surgirem problemas no Polo de Confecções (e eles são frequentes), no futuro, a população vai olhar para o Legislativo e não encontrar ninguém. Gritar por Lula ou por Bolsonaro não vai adiantar.

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