Cena Política

PSB corre o risco de acabar só com dois ministérios e não mandar em nenhum deles no governo Lula

Se a situação não melhorar, os socialistas vão deixar de ser clientes na loja do PT e acabar indo lá só entregar currículos.

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Igor Maciel

Publicado em 21/12/2022 às 12:56
Análise
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Sabe aquele momento quando você está estudando a possibilidade comprar alguma coisa e o vendedor lhe trata como se não existisse outra pessoa na face da Terra?

E depois, sabe a sensação de que tudo mudou assim que você digitou a senha do cartão de crédito e a compra foi aprovada? O vendedor já fica mais frio, começa a colocar problema para entregar o produto, diz que não pode garantir muita coisa.

O PSB está vivendo isso atualmente. Os socialistas olham para Lula hoje e veem o “sorriso largo de vendedor” se desfazendo para eles, enquanto o petista abre os braços para outro cliente que acabou de entrar na loja.

Você que se resolva com o pessoal da entrega, se é que tem mesmo o produto em estoque como ele havia prometido antes.

No caso dos ministérios, o estoque está no fim e o petista vendeu bem além do que havia no depósito. Passada a eleição, a impressão que o PSB tem é de que não é ainda necessário e virou somente uma incômoda massa humana dentro da loja lotada, levando esbarrões dos clientes mais ricos que, embora tenham chegado agora, podem oferecer mais.

Caso seja confirmado que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vai assumir o Ministério de Indústria e Comércio, juntando com a já confirmada presença de Flávio Dino (PSB) no Ministério da Justiça, o PSB terá sido excluído de qualquer processo de decisão na formação do ministério.

É que os socialistas solicitaram quatro pastas no primeiro escalão da nova gestão e o PT rebateu dizendo que “só havia espaço para duas”. Com dois ministros, acabou a cota.

A questão é que nem Flávio Dino e nem Alckmin foram indicações do partido, mas escolhas pessoais de Lula. Se for confirmado, o PSB terá dois ministérios, mas não terá nenhum na prática e deverá se conformar com cargos no segundo e terceiro escalão.

Até o ministério de Ciência e Tecnologia, que tradicionalmente é do PSB, inclusive com Eduardo Campos, em gestões petistas, dessa vez está previsto para ser entregue ao PCdoB, para Luciana Santos.

O PSB perdeu espaço na transição para partidos que conseguiram fazer mais cadeiras no Congresso e terão maior influência na Câmara na próxima legislatura. Enquanto o PSD e o MDB, somados, fizeram 84 deputados em todo o Brasil, o PSB fez 14.

Até o PDT conseguiu mais cadeiras, fez 17. Os socialistas saíram das primeiras posições no Congresso para disputar espaço com o PSOL, que fez 12 deputados. Isso diminui o poder de barganha.

Caso não consigam indicar ninguém para um ministério, a tendência é que o PSB vire satélite do PT, do jeito que aconteceu com o PCdoB, por sobrevivência.

Se a situação não melhorar, os socialistas vão deixar de ser clientes na loja do PT e acabar indo lá só entregar currículos.

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