Cena Política

Dizer que o governo Paulo Câmara é ruim não resolve os problemas. Isso já se sabia. E o futuro?

Que sinalizações o futuro governo deu aos pernambucanos até agora, além da continuidade da discussão de palanque que funcionava na campanha?

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Igor Maciel

Publicado em 27/12/2022 às 10:23
Análise
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Existe um motivo crucial para que um grupo de oposição tenha vencido as eleições em Pernambuco: o governo em exercício estava mal.

Só relembrando, o candidato de Paulo Câmara (PSB) terminou a eleição em quarto lugar. Não é, exatamente, a posição de um competidor cuja popularidade está muito boa.

Os problemas de Pernambuco, na Saúde, na Educação, na Segurança, na Infraestrutura, com desemprego e miséria, vêm sendo relatados há anos.

O diagnóstico é importante para entender o tamanho de cada problema? É verdade. Mas, o que será feito com esses problemas? O que o novo governo fará de diferente para trazer soluções? Isso, após quase dois meses do fim das eleições, ainda não se sabe.

E não é culpa da equipe de transição. A missão deles era técnica, de levantamento de dados. O trabalho deles era, realmente, ficar no universo do Excel e do Powerpoint para ajudar a guiar as ações no futuro.

Mas, como esse futuro será construído é que ainda não ficou claro para ninguém e, essa é a impressão que começa a vingar. Nem a própria equipe que irá trabalhar com a nova governadora parece ter ideia do que será feito.

Todo mundo repete a mesma frase, aliás: “É o jeito de Raquel Lyra fazer as coisas”. Na vida pública, é preciso ter muito cuidado para não virar folclore. Ter um “jeito de fazer as coisas”, e sendo ele tão peculiar, é um caminho perigoso para isso.

Porque não se trata de uma estratégia para jogar o jogo, mas de não jogar. Não se trata de proteger informações, mas de parecer nem tê-las. Não se trata de ter um “jeito de fazer as coisas”, como foi em Caruaru, porque a complexidade da administração pública estadual é imensamente maior do que a de qualquer prefeitura em Pernambuco.

Se você analisar o que foi feito desde que a eleição acabou, o que foi apresentado, cria-se uma narrativa que não é boa para quem está prestes a assumir uma gestão desse tamanho. Que sinalizações o futuro governo deu aos pernambucanos até agora, além da continuidade da discussão de palanque que funcionava na campanha?

Histórias reais são construídas e vão para o imaginário coletivo a partir de uma junção de acontecimentos ao longo de um determinado período. As narrativas são formadas a partir dessa conexão entre acontecimentos e, claro, dos interesses dos envolvidos que as influenciam. Agora, analisando esses quase dois meses desde a eleição de Raquel, o que se tem é muita reclamação sobre o governo que sai e nenhum apontamento para o futuro. Essa é a História até agora.

As coletivas que foram feitas, as apresentações da transição, todas construíram um ambiente em que não se tem a mínima ideia de pra que lado Pernambuco vai a partir de domingo que vem. E isso é muito ruim. Toda imprevisibilidade na gestão pública é perigosa. Pior ainda quando o governo nem começou.

Os últimos anos

Paulo Câmara venceu duas eleições que acabaram entrando para a história com a explicação do “era o que tinha”.

Por causa disso, havia um certo desânimo na hora de cobrá-lo. Todo mundo estava insatisfeito, mas não se via grande repercussão dessa insatisfação, porque “era o que tinha”.

Sem a cobrança da sociedade, Pernambuco alcançou índices terríveis e perdeu espaço para outros estados, inclusive Ceará e Bahia.

O maior desafio do governo Raquel Lyra, agora, é provar que o eleitor não agiu por emoção apenas. É mostrar que foi a opção mais sensata.

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