Cena Política

Interrupção de pesquisa sobre tubarões por oito anos aumenta responsabilidade pública com as vítimas

A pesquisa era feita pela UFRPE, mas o convênio era com a SDS e durou só até 2014. De lá pra cá, pouco se sabe o tamanho do risco e as áreas em que o perigo é maior, por exemplo.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 21/02/2023 às 16:38
Análise
X

A informação de que o governo de Pernambuco parou de monitorar a costa do estado para pesquisar a movimentação de tubarões, há oito anos, põe uma responsabilidade a mais na gestão anterior pelos ataques que aconteceram nesse período.

A pesquisa era feita pela UFRPE, mas o convênio era com a SDS e durou só até 2014. De lá pra cá, pouco se sabe o tamanho do risco e as áreas em que o perigo é maior, por exemplo.

Numa entrevista ao programa Passando a Limpo, nesta terça-feira (21), o engenheiro de pesca e pesquisador da UFRPE Jonas Rodrigues explicou que o local onde um surfista foi supostamente atacado por um tubarão, esta semana, na praia Del Chifre, em Olinda, pode ter uma concentração maior de tubarões, por ser uma área em que há mistura de água doce e salgada.

Segundo ele, a fauna marinha busca esses locais para se reproduzir e isso pode atrair os tubarões que podem ter atacado o surfista.

Caso você não tenha percebido, a quantidade de “possibilidades” nessas últimas frases mostra que há muito conhecimento do especialista sobre o assunto, suposições importantes baseadas em muito estudo, mas nenhuma conclusão prática.

Porque é impossível afirmar algo com certeza sem uma pesquisa aprofundada.

Se a governadora Raquel Lyra (PSDB) resolver, agora, que vai solucionar a questão dos tubarões, para liberar com segurança as praias da Região Metropolitana aos banhistas, ela não pode, porque a interrupção na pesquisa pelo governo acabou criando um vazio de informações de quase uma década.

Como saber qual medida é adequada sem saber qual o tamanho, a localização e a origem do problema? A descontinuidade de pesquisas deste tipo provoca um prejuízo irreparável.

Na época, a SDS teria alegado “questões jurídicas”, que nunca foram explicadas. O governo cancelou o trabalho e ele nunca foi substituído por nada.

Se foi para economizar, é uma estupidez quase criminosa. Porque esse tipo de interrupção numa pesquisa faz com que se tenha que gastar muito mais depois, já que quase todos os dados anteriores se perdem.

E, outra coisa: os incidentes ocorridos nesse período poderiam ter sido evitados, caso se soubesse onde prevenir melhor? Ninguém nunca vai saber.

O governo se preocupou, nos últimos anos, em espalhar e ir renovando placas de “perigo” nas praias do estado, sem nem ter certeza de que elas estão nos lugares corretos e necessários. Quase uma década disso.

Belo trabalho!

Tags

Autor