Cena Política

Bolsonaro vai encontrar outro Brasil quando voltar e não será algo bom para ele

Bolsonaro terminou 2022 forte, mas errou ao ir para os EUA e ficar por lá sem data de retorno. Agora, pode voltar, em 2023, nanico.

Imagem do autor
Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 22/02/2023 às 11:39
Análise
X

Quando voltar, Jair Bolsonaro (PL) não encontrará o país que deixou ao ir embora, em dezembro de 2022, antes de Lula (PT) ser empossado na cadeira que já foi dele.

Não, o petista não transformou nada em ouro. Na verdade, Lula não tem realização nenhuma para apresentar, a estrutura segue a mesma, com o centrão mandando no país, exigindo mais dinheiro para não plantar um caos completo, enquanto o presidente faz concessões em nome do que é chamado de governabilidade.

O que mudou foi a pintura das paredes, mas as tubulações seguem as mesmas, com as mesmas infiltrações nas paredes.

O que mudou foi o Brasil que pertencia a Bolsonaro eleitoralmente. Dois generais disputam uma batalha com o mesmo número de soldados, mesmo que um dos exércitos tenha vencido por muito pouco, a tendência é que os derrotados se separem e seu comando perca força. A vantagem pequena de Lula na eleição será uma dificuldade para ele sempre, mas a vitória ameniza isso. 

Já a derrota “por pouco” de Bolsonaro será sempre uma derrota significativa. Quando Bolsonaro voltar vai descobrir (se já não percebeu), que sua força está dividida.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, entrega aos eleitores de centro e de direita algo que ele nunca conseguiu entregar: estabilidade e lógica de ação.

O ex-presidente sempre se equilibrou entre alguma sensatez e o radicalismo porque foi a maneira que encontrou para sobreviver e sustentar dois públicos muito distintos: um que não queria o PT por causa do histórico de corrupção, mas pensa de forma equilibrada, e outro que defende maluquices, algumas criminosas como um golpe de estado.

Os equilibrados tendem a procurar figuras como Tarcísio de Freitas e já direcionaram seus olhares nesse sentido. Esse público enxergava Bolsonaro como um “louco necessário”, porque não havia outra opção. Agora, eles têm.

Sobram os radicais para o ex-presidente, quando ele voltar? A princípio sim, mas pode haver uma surpresa até nesse grupo menos sensato.

Acontece que sensatez é um artigo caro e raro na política e na vida pública. Maluquice, não.

Enquanto os mais sensatos, por enquanto, encontram apenas um Tarcísio de Freitas como opção ao PT em 2026, os radicais podem ter um caminhão de políticos, ou aspirantes a políticos, que se enquadram nesse radicalismo reacionário de hospício, tentando ser presidente em 2026.

Bolsonaro terminou 2022 forte, mas errou ao ir para os EUA e ficar por lá sem data de retorno. Agora, pode voltar, em 2023, nanico.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, pode não ser uma criatura exemplar em vários aspectos, mas conhece a política e sabe sobreviver. Ele não começou a trabalhar o nome da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), por acaso. Quer vender alguma sensatez com algum bolsonaro, porque o marido dela tende a derreter e Tarcísio é de outro partido.

Tags

Autor