Cena Política

A lentidão dos processos judiciais também pode ser combustível para desinformação

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (28)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 28/02/2023 às 0:01
ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM
Geraldo Julio, ex-prefeito do Recife - FOTO: ALEXANDRE GONDIM/JC IMAGEM

A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) e outros gestores da gestão municipal do Recife até 2020, trazida pelo Blog de Jamildo neste início de semana, finalmente organiza o que, até então, eram suposições infladas por adversários ou menosprezadas pelos aliados.

A discussão sobre o intangível é ruim para todos.

Agora, sabe-se objetivamente que pesam sobre o ex-prefeito acusações referentes a uma suposta fraude em contrato com uma ONG, escolhida para administrar um dos hospitais de campanha montados na pandemia.

A Justiça vai decidir sobre Geraldo e sobre os outros denunciados. Mas, para homens públicos, a História é quem pune ou beneficia. E a demora do sistema para trazer alguma solução aos crimes, ou à ausência deles, é um pesadelo do qual não conseguimos acordar.

É impressionante que somente no meio do mês de fevereiro de 2023, o Ministério Público Federal tenha conseguido fazer a denúncia de um suposto crime ocorrido em 2020.

De lá pra cá, duas eleições aconteceram e em todas houve, de uma forma ou de outra, interferência das suspeitas que pairavam sobre a gestão de Geraldo durante a pandemia no Recife, sem que ninguém soubesse ao certo a extensão delas.

De lá pra cá, mudou o prefeito do Recife e a governadora de Pernambuco. E a corrupção “do PSB” durante a pandemia foi tema recorrente. Eleitoralmente, independe se Geraldo Julio será condenado ou não, porque nesse período ele já foi condenado ou absolvido por questões que a população nem sabe direito do que se tratava.

Quem queria apoiá-lo ou apoiar o PSB o absolveu sumariamente e quem não queria apoiar os socialistas o condena desde sempre.

E só agora ele está, formalmente, sendo denunciado.

O escritor Mark Twain tem uma frase ótima para explicar a desinformação na sociedade: “Uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade ainda calça seus sapatos”.

Que a verdade, pelo processo judicial adequado, com ampla defesa, seja esclarecida. Isso é o mais importante.

Que os responsáveis sejam punidos, independente da posição que ocupem, inclusive se forem ex-prefeitos ou secretários.

Mas, nesse caso, a Justiça, sonolenta, não estava nem perto de calçar os sapatos quando a desinformação já dava a volta ao mundo e elegia ou atrapalhava candidatos em Pernambuco.

Reoneração ambiental

Bolsonaro trocou o presidente da Petrobras três vezes porque queria baixar a gasolina para ganhar votos. Foi difícil de conseguir, porque era um absurdo. Mas, ele inventou todo tipo de subterfúgio até ter sucesso.

Continua sendo um absurdo, mas Lula prefere ficar usando uma desculpa ambiental do que admitir que é um absurdo e perder popularidade com isso.

Acharam uma solução “ambiental”. Ao invés de falar a verdade, disse que vai reonerar aos poucos os combustíveis e que os impostos voltarão com mais força na gasolina “porque ele é fóssil” e polui mais.

Amupe

A eleição, por aclamação, de Márcia Conrado para a Amupe, fechou um ciclo de 10 anos do PSB comandando a Associação que reúne prefeitos em Pernambuco, através de José Patriota (PSB).

Mas é bom dizer que, mesmo quando deixou de ser prefeito de Afogados da Ingazeira, Patriota seguiu no comando da Amupe, o que mostra o conhecimento e a capacidade de articulação dele que agora vai se dedicar ao mandato de deputado estadual.

Patriota talvez seja um dos políticos mais acessíveis de Pernambuco, disposto a viajar algumas centenas de quilômetros para dar uma simples entrevista de cinco minutos, como já fez mais de uma vez com este colunista.

Isso acabou dando força à associação e aumentou a responsabilidade da atual prefeita de Serra Talhada, agora na presidência.

Foco

O movimento municipalista será testado com ferro e fogo na discussão da Reforma Tributária em Brasília. Diminuir a dependência dos municípios em relação aos estados e, principalmente, à União, será o maior desafio. Conrado, que é do PT e aliada de Raquel Lyra (PSDB) em Pernambuco, terá uma missão importantíssima.

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