Cena Política

O general carioca que se abraçou com a bandeira de Pernambuco pela Escola de Sargentos

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (17)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 17/03/2023 às 0:01 | Atualizado em 20/03/2023 às 11:56
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
General Richard Fernandez Nunes, Comandante Militar do Nordeste - FOTO: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

Quando o Exército estava decidindo o local para a construção da Escola de Sargentos, o atual comandante do Nordeste, o general Richard Nunes, foi o responsável por fazer a defesa de Pernambuco como sede do empreendimento.

O general é carioca, mas na apresentação arranjou uma bandeira de Pernambuco e, literalmente, abraçou-se com ela. Toda a explanação sobre os benefícios que a educação do Exército teria com a Escola sendo construída aqui e as transformações que ela iria operar na região, com incremento econômico e social, foram detalhados por um general abraçado à bandeira do estado.

O projeto para a construção da unidade, no valor aproximado de R$ 1,8 bilhão, com previsão de movimentação financeira de mais de R$ 200 milhões em remunerações pagas aos mais de 6 mil professores e alunos, é comparável a um grande empreendimento industrial.

O general Richard Nunes está para deixar o Comando do Nordeste e vai assumir o departamento de Educação e Cultura do Exército.

É uma posição de bastante prestígio, responsável pela formação militar, inclusive da Escola de Sargentos.

Se tem alguém com quem o governo de Pernambuco precisa conversar, e muito, sobre essa obra, é o general Richard Nunes, além, é claro, do ministro da Defesa, o pernambucano José Múcio.

Na agenda

Depois de ter a ausência na última reunião sobre a Escola de Sargentos questionada por parlamentares pernambucanos, a governadora Raquel Lyra (PSDB) ligou para o ministro da Defesa e marcou uma conversa. Os dois vão se encontrar na próxima segunda-feira (17) para tratar sobre o assunto.

Rivalidade para a felicidade

Na Paraíba, há uma tradição de rivalidade entre Campina Grande e João Pessoa que acaba levando benefícios à população.

Quando uma cidade conquista alguma coisa, a outra briga para ter o mesmo. Por muitos anos, grupos políticos diferentes se alternavam entre as duas prefeituras e no comando do estado. A disputa entre eles gera resultados. É a “rivalidade para a felicidade”.

Ter um grupo político na prefeitura do Recife e outro no Governo de Pernambuco precisa começar a ter esse incentivo também.

Essa "rivalidade para a felicidade” faria muito bem, por exemplo, no caso dos assaltos no Centro. Esta semana, mais turistas, visitantes que desembarcaram de cruzeiros no Porto do Recife, foram assaltados e agredidos. Há algum tempo houve até um latrocínio.

A responsabilidade pela segurança, não se pode negar, é do governo estadual e o policiamento parece ter problemas (ou essas coisas não aconteceriam). Mas a proximidade da eleição de 2024, com a possibilidade de a governadora Raquel Lyra (PSDB) lançar algum candidato ou candidata para tentar evitar a reeleição de João Campos (PSB) na Prefeitura do Recife, poderia vir a calhar.

Imagine se João começar a encher as ruas de Guardas Municipais, com o argumento de que “precisou ajudar nesse setor, já que o governo não dá conta”? O estado de Pernambuco tem muitos municípios importantes, que se destacam com suas particularidades, mas a maior vitrine é a capital. Dentro das possibilidades do Pacto Federativo e das finanças do município, Campos pode trabalhar a própria reeleição já pensando em voos futuros.

Já Raquel pode tentar ocupar esses espaços com mais força, ampliar a presença no Recife, em áreas como Segurança e Habitação, por exemplo, e tentar jogar o prefeito ao papel de coadjuvante.

Quem vai vencer entre os dois, é bom lembrar, não importa muito. Esse é o tipo de disputa em que a população ganha. E esse jogo só importa quando o cidadão e a cidadania vencem.

Opacos

O Tribunal de Contas de Pernambuco divulgou o levantamento que avalia o nível de transparência do Estado e de municípios pernambucanos.

A situação não é das melhores. Foram analisadas prefeituras e Câmaras Municipais, do Poder Executivo Estadual, da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, além do próprio Tribunal de Contas.

Das 374 unidades fiscalizadas, apenas 29 (7,75%) obtiveram nível de transparência satisfatório. E quase 80% ficaram na “faixa intermediária”. É preocupante.

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