Cena Política

A volta de Bolsonaro será desafio para saber se o futuro político dele ainda existe

Confira coluna Cena Política deste sábado (25)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 25/03/2023 às 0:01
ALAN SANTOS/PR
Jair Bolsonaro - FOTO: ALAN SANTOS/PR

Bolsonaro (PL) deve voltar ao Brasil nos próximos dias. A data marcada é o dia 30. Se ele realmente vier, esqueça a recepção que o partido deverá montar no aeroporto.

Ela será fabricada e não dirá com exatidão a popularidade do ex-presidente após o exílio voluntário a que se submeteu, considerado por muitos um abandono aos eleitores que lhe confiaram voto em 2022.

Haverá uma multidão, convocada ao local, e se vai tentar resgatar a recepção que ele tinha em aeroportos pelo Brasil antes de ser presidente. Depois disso é que será preciso avaliar a popularidade de Bolsonaro, nas articulações, ao longo dos dias. A capacidade do ex-presidente de continuar sendo notícia, sem se envolver em polêmicas que o desconstruam é o desafio.

Além disso, um trabalho de anos pode se perder em meses e a ausência do Brasil no início do governo Lula (PT) abriu espaço para que outras lideranças surjam.

Romeu Zema (Novo), governador de MG, esteve em Pernambuco recentemente e na entrevista que deu ao Passando a Limpo, na Rádio Jornal, falou como se candidato a presidente da República já fosse, sempre criticando o governo Lula e dando o tom de aproximação com os eleitores de direita.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, é outro que já foi abraçado por eleitores mais moderados, fora do núcleo bolsonarista radical, apesar de ser muito mais discreto em suas pretensões do que o colega mineiro.

Até na ala radical dos apoiadores de Bolsonaro existem outras vozes, como os deputados Nikolas Ferreira (PL) e a velha conhecida Carla Zambeli (PL). Para garantir que seu patrimônio político não está enfraquecido, Bolsonaro tem que ofuscar todos esses nomes, sem questionamentos.

É possível, mas não é tarefa fácil. E não é algo que se faz num aeroporto apenas. É bom o PL saber disso.

Marília

Durante a visita do presidente da República ao Recife, esta semana, não se falou em Marília Arraes (SD). A ex-deputada teve bebê há pouco tempo e é natural que ela não estivesse no evento, dentro de um Geraldão lotado. Estava representada pela irmã, a deputada federal Maria Arraes (SD).

Mas, chamou a atenção que não se mencionou o nome dela, não houve espaço nem para a lembrança da figura política dela, pelo presidente, durante as horas em que Lula esteve em solo pernambucano. Ano passado, o petista não conseguia esconder uma admiração pelo personagem político da neta de Arraes, mesmo quando apoiava oficialmente Danilo Cabral (PSB).

É como se a derrota dela tivesse quebrado algum espelho. Isso pode dificultar, caso ela ainda pense numa candidatura à prefeitura do Recife em 2024 ou ao governo em 2026.

Por falar nisso

Danilo Cabral estava no evento, no Geraldão. Mas não ficou nem próximo do protagonismo que teve em 2022 quando era o candidato socialista ao governo. Normal que o foco não seja ele, mas faltou ao PSB e ao cerimonial da presidência da República dar o papel mais central a ele no palco.

Não é de hoje que o PSB abandona os seus. Foi assim com Paulo Câmara, que deixou a sigla, e é assim com Danilo. Foi assim com Geraldo Julio (PSB), também. Hoje Geraldo está mais “reabilitado”, sendo ouvido com mais atenção, até pela experiência administrativa e partidária que tem. Alguns abandonos são temporários, ou sazonais.

Resta saber se Geraldo será mostrado no guia eleitoral de João Campos em 2024, como não foi em 2020.

Olinda

De olho na Prefeitura de Olinda em 2024, o PSOL, que está em federação com a Rede, já articula debates e conversas entre os partidos em torno dos nomes que poderiam entrar na disputa representando uma “unidade da esquerda” na cidade.

Eugênia Lima (PSOL), que já foi duas vezes candidata ao Senado e duas vezes candidata a vereadora com expressivas votações na cidade, é o nome que deve ser apresentado para discussão.

Em 2020, Eugênia foi uma das mais votadas para a Câmara de Olinda, mas não atingiu o quociente eleitoral, por causa da votação baixa do restante do partido.

Relator pernambucano

O deputado pernambucano Pedro Campos (PSB) é o relator, na CCJC, da PEC 6/2021, que pretende incluir na Constituição Federal o acesso à água potável entre direitos e garantias fundamentais. Para o parlamentar, a iniciativa amplia instrumentos de proteção ao indivíduo e visa garantir o mínimo necessário para efetividade da dignidade humana. Pedro está no início do primeiro mandato. As relatorias de projetos são importantes para ganhar visibilidade na Casa.

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