Cena Política

A mentalidade estreita que atrasou os negócios no Recife por duas décadas

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (31)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 31/03/2023 às 0:01
Guga Matos
Recife - FOTO: Guga Matos

O Recife ficou numa péssima posição no Índice de Cidades Empreendedoras de 2023, medido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap). E parte da culpa é do ambiente político que a cidade teve nas últimas duas décadas. Por que o PT e o PSB são cúmplices? Basta se aprofundar um pouco na composição do resultado para entender.

No ranking geral, a capital pernambucana ficou no 51º lugar entre todas as cidades do Brasil. No Nordeste, é a pior entre as nove capitais. Não é o caso de perder para Fortaleza e Salvador, como praticamente nos acostumamos em diversos índices. Recife perde também para Natal, Teresina, Maceió, João Pessoa, Aracajú e São Luís.

É quase uma tragédia completa. O que salva é que a composição do índice é feita com avaliações em vários setores, e o Recife vai bem em alguns.

Apesar do 51º lugar, vamos bem, nacionalmente, nos quesitos Infraestrutura (20°), Inovação (16°), Capital Humano (11º) e Acesso Capital (14º).

Onde vamos muito mal? A posição do Recife cai muito quando se analisa o Ambiente Regulatório (88º), o Mercado (68º) e a Cultura Empreendedora (43º).

Ora, há pontos positivos e negativos, qual a culpa do PT e do PSB? É simples: Esses partidos ocupam a Prefeitura do Recife há 22 anos, e quando falamos de Infraestrutura, Inovação, Capital Humano e Acesso Capital, sabe-se bem a origem desses bons números: o Porto Digital, criado em 2000, no último ano da gestão de Roberto Magalhães.

Foi o último grande impulso com viés empreendedor que a cidade recebeu e rende frutos até hoje.

Já o que derruba o resultado do Recife são índices ligados à governança nos últimos anos. E quem esteve no poder nas duas décadas seguintes à implantação do Porto Digital? PSB e PT.

O pior resultado: Ambiente Regulatório, diz respeito aos entraves burocráticos criados pelo poder público para a abertura e manutenção de empresas.

O Mercado, segundo pior resultado recifense, diz respeito à atração de grandes empresas e indústrias que incentivem novos negócios locais.

O terceiro pior resultado da capital pernambucana, Cultura Empreendedora, diz respeito à Educação, que é responsabilidade pública.

O PT governou o Recife de 2001 até 2012 e o PSB está na prefeitura desde então. Por que eles têm responsabilidade? Porque o destravamento de leis e burocracia dependem do relacionamento contínuo do Executivo com o Legislativo traduzido em ações. Não se tem notícia de falta de sintonia entre prefeitos e vereadores nesses anos, mas essas pautas nunca foram prioridade.

O relacionamento do PT e do PSB com o setor empresarial tem um histórico ruim, há dificuldade para atrair empresas porque até o diálogo dos socialistas e petistas sempre foi difícil. Empresários que poderiam investir na cidade, nesses anos, chegaram a ser tratados como inimigos.

E, ainda nesse ponto, o Governo do Estado também tem grande responsabilidade em seus 16 anos de poder. Não por acaso, foram quatro gestões estaduais do PSB nesse período.

Quando se fala de empreendedorismo, o Recife quase parou por duas décadas. E a política partidária misturada com visões de mundo limitadas são as principais causadoras disso.

Mudando?

Para fazer justiça, é preciso dizer que o atual prefeito, João Campos (PSB), vem buscando modificar esse cenário e faz um esforço notável. Uma de suas primeiras medidas foi tentar agilizar o tempo que um empreendedor leva para abrir um novo negócio na cidade.

Em 2022, a cidade chegou a ser considerada a capital com a maior rapidez para abrir uma empresa, graças às ações de desburocratização que reduziram, segundo a gestão, em 92% o tempo médio de cada procedimento.

É bom, é preciso reconhecer, mas os antecessores deixaram um passivo cruel que não se liquida rápido. Há muito para recuperar ainda.

Mudou?

A mudança no governo estadual, do PSB para o PSDB, também dá boa esperança. O secretário de Desenvolvimento Econômico atual, Guilherme Cavalcanti, vem de uma cultura empreendedora e de parceria com o empresariado.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) vem de uma família de empreendedores.

Se tudo isso vai se traduzir em resultados efetivos, só o tempo dirá, porque o governo mal começou. Mas, esperança há.

Tem força?

O retorno de Bolsonaro (PL) ao Brasil teve menos repercussão pública do que se esperava, menos gente nas ruas do que se imaginava, já que o Governo Federal chegou a reforçar a segurança, temendo um novo “8 de janeiro” que não aconteceu, mas o ex-presidente demonstrou que ainda tem muitas condições de ajudar o PL na busca por mais prefeituras, nas eleições de 2024. A recepção dentro da sigla foi forte e muito ampla e ele foi recebido como um “herói”.

Não por acaso. Se não for condenado ou preso, impedido de viajar, mesmo que fique inelegível, Bolsonaro terá muita força em municípios do interior de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro (aqui não apenas no interior) e até no Nordeste. O PT concentra sua força nas capitais e pode ter uma surpresa quando o mapa dos vitoriosos das próximas eleições municipais estiver definido.

Do Sertão

O ex-presidente da OAB/PE Bruno Baptista recebe, hoje, na Câmara de Vereadores de Petrolina, o título de cidadão petrolinense.

A proposição, iniciativa da vereadora Samara da Visão (PSD), é em reconhecimento ao trabalho de Bruno de interiorização das ações da OAB/PE durante o seu mandato.

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