Cena Política

A arte de ter e não ter candidato para não prejudicar capital político

Confira a coluna Cena Política deste sábado (15)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 15/04/2023 às 0:01
Divulgação/ Secom
Governadora Raquel Lyra (PSDB) - FOTO: Divulgação/ Secom

Ao contrário da expectativa comum, uma pessoa próxima à governadora Raquel Lyra (PSDB) garante que ela não deve lançar nenhum candidato à prefeitura do Recife. Então ela não terá nenhum candidato contra João Campos (PSB), que brigará pela reeleição? Não é bem assim.

A aposta é que ela não lançará um nome de seu grupo político mais próximo, de dentro do núcleo duro do governo, ou coisa do tipo. “Apoiar e lançar são coisas diferentes”, explica essa fonte.

Raquel deve ter candidato sim, mas sem mergulhar numa campanha que não terá vitória garantida, já que Campos disputa o cargo que já ocupa e vem numa ascendente de popularidade. Não é inteligente para a governadora cavar uma trincheira e posicionar suas armas contra um gestor em exercício disputando a reeleição.

Por isso, as chances de que Priscila Krause (Cidadania) se afaste da vice-governadoria para ser candidata à prefeitura do Recife, como já foi cogitado, andam bem diminuídas atualmente. Não dá para ignorar a vantagem de Campos.

Basta lembrar que Bolsonaro (PL), apesar de contar com uma imensa rejeição, quase venceu a disputa contra Lula (PT) em 2022. E ser o incumbente, estar disputando a reeleição no cargo, foi determinante para que ele ainda tivesse quase metade da votação.

Retornando um pouco mais no tempo, vamos a 2018, quando um Paulo Câmara em fim de mandato como governador de Pernambuco carregava o peso de uma rejeição que alcançou 63%. A continuidade eleitoral dele no cargo era dada como impossível. Câmara venceu e venceu no primeiro turno.

Estamos falando de gestores com péssimas avaliações.

Agora, imagine o prefeito do Recife que surgiu há pouco com quase 70% de aprovação entre os eleitores recifenses, segundo pesquisa do Instituto Paraná.

Fenômeno I

E não é só isso. O jornalista Manoel Fernandes, da consultoria Bites, que faz monitoramento de redes sociais em todo o Brasil, disse em entrevista à Rádio Jornal que Campos é o prefeito de capital, no Brasil, com a segunda maior popularidade em todas as redes sociais mais conhecidas. Só perde para Eduardo Paes (PSD), prefeito do Rio de Janeiro.

Paes é um fenômeno nas redes porque costuma ir, pessoalmente, discutir assuntos polêmicos com os cariocas em plataformas como o Twitter. É comum vê-lo até brigando com eleitores por todo tipo de tema, até samba e futebol.

Também é preciso lembrar que a capital do RJ tem quase 7 milhões de habitantes e o Recife tem 1,6 milhão. Ser o segundo mais popular, nesse contexto populacional, é impressionante.

Fenômeno II

Raquel Lyra é outro fenômeno nas redes sociais. A governadora de Pernambuco também foi apontada como a segunda mais popular na internet entre todos os governadores do Brasil, perdendo apenas para o governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo o Instituto Quaest, outro que trabalha com levantamentos em plataformas de redes sociais, Raquel ultrapassou o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), há algumas semanas.

Fernandes, da Bites, atestou a posição da pernambucana pelo seu levantamento e complementou: “em número de seguidores ela é a sétima colocada, mas quando você reúne dados como engajamento e participação ativa do público, ela sobe muito”.

Como no caso de João Campos, é importante lembrar que o único governador a vencê-la no Brasil, em popularidade, está gerindo um estado muito maior. São Paulo tem mais de 45 milhões de habitantes e Pernambuco tem 9,6 milhões.

Perfil

Nesse contexto, torna-se difícil acreditar que seja um bom negócio para Raquel Lyra, que no levantamento eleitoral do instituto Paraná apareceu com 63% de aprovação, lançar um candidato identificado diretamente com sua administração.

A governadora apoiará um candidato, sim. Provavelmente ele terá um perfil moderado, que não se identifique radicalmente nem com a direita e nem com a esquerda, que possa sustentar um discurso de gestão administrativa correta e resolução de problemas municipais, sem entrar na guerra ideológica.

E, algo importante, tem que ser alguém cujo vínculo com a governadora não seja tão estreito, para que ela possa abandoná-lo sem muito prejuízo caso as coisas venham a dar errado no decorrer da campanha eleitoral.

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