Quando a economia interfere negativamente na vida dos habitantes de um país, é bom observar o ciclo político que decorre disso. Consertar a segurança financeira da população é medida que rende muitos votos. Ter capacidade comprovada para isso também ajuda bastante. A eleição de Santiago Peña como o novo presidente do Paraguai, esta semana, é um exemplo.
Ele era ministro da Fazenda até 2017, cuidava da economia, e já foi do Banco Central paraguaio também. Agora, venceu com boa vantagem a oposição paraguaia com uma proposta de união nacional voltada para a recuperação econômica e em busca da geração de empregos. As pessoas votaram em Peña por enxergarem nele alguém que pode recuperar a economia do país, pelo trabalho que ele demonstrou no ministério até 2017.
Quando ex-ministros da Fazenda vencem eleições para presidente, é sinal de duas coisas: primeiro, que fizeram um bom trabalho, que manteve algum equilíbrio no país e garantiu a sobrevivência da população com menos sofrimento financeiro. Segundo, que o presente é de crise e a figura daquele ministro da Fazenda é a que os eleitores veem como necessária para construir algum futuro.
A eleição de um ministro da Fazenda acontece, quase sempre, em momentos de crise. Mas é um bom sinal porque as pessoas, na maioria das vezes, estão buscando qualificação ao invés de heroísmo. É quando o populismo perde força, quando o caudilhismo sai de moda, e a realidade dura se impõe.
Quer dizer que o futuro do Paraguai será maravilhoso? Não. Pode ser que dê tudo errado. Mas, toda vez que alguém com capacidade técnica assume um posto como esse, uma folhinha de esperança nasce no tronco robusto da velha humanidade.
Agora, o que o Brasil tem a ver com isso? O Paraguai pode servir de exemplo para dizermos ao futuro: “já deu a cota de populistas, né?”. Após anos de opções ruins substituindo opções precárias e eleições em que escolhemos o que é menos ruim para evitar o mal pior. Talvez seja a hora de olharmos para um nome mais técnico, como fizeram nossos vizinhos.
A última vez em que um nome técnico teve sucesso nas urnas por aqui foi com Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Não por acaso, um ex-ministro da Fazenda. E não qualquer ministro dessa pasta, mas o que foi responsável pelo Plano Real e pelo reequilíbrio das contas brasileiras com o controle da inflação que, aliás, garantiu a Lula (PT), em 2003, implementar os programas sociais que lhe renderam aprovação popular de duas décadas.
Os nomes técnicos são tão bons que permitem até alguns anos de populismo em sua sequência, desde que haja um mínimo de responsabilidade. Mas, a última vez em que os brasileiros escolheram um presidente com a cabeça e não com o fígado foi em 1998, na reeleição de FHC. Já se foram quase 25 anos. A economia não vai bem e nada tem indicado que Lula vai conseguir resolver a situação.
Estaria o Paraguai, logo o Paraguai, destinado a nos ensinar algo?
Paradoxo Haddad
A eleição de Peña no Paraguai pode ser a esperança de Fernando Haddad (PT) para um futuro em que Lula não tente a reeleição. Resolver uma crise econômica, gerar estabilidade financeira e criar empregos é o melhor cabo eleitoral que alguém pode ter. Estar no Ministério da Fazenda quando isso acontece é uma oportunidade única.
Mas o ex-prefeito de São Paulo tem um problema: se não for por impedimento físico, a única chance de Lula não ser candidato à reeleição é se a economia não se recuperar. Ele não embarcaria numa “derrota certa”, segundo um petista que conversou com a coluna. Haddad vive um paradoxo: só será candidato à sucessão de Lula se melhorar a economia e, se melhorar a economia, o candidato vai ser Lula.
OAB
Inovação, tecnologia e metaverso serão temas discutidos na Conferência Estadual de Advocacia de Pernambuco, nos dias 25 e 26 de maio, na Univasf Petrolina.
O evento realizado pela OAB Pernambuco, sob a coordenação da vice-presidente Ingrid Zanella, reunirá nomes de peso do mundo jurídico como o conselheiro federal da OAB Nacional, Felipe Sarmento, a presidente da Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANP) e Procuradora de Salvador, Lilian Azevedo, o Procurador Chefe da PGRFN, Alexandre Andrade Freire e a conselheira federal e vice-presidente da Comissão Nacional de Prerrogativas do CFOAB, Cristina Lourenço.