Os senadores de Raquel, as pontes de Galípolo e a inteligência sem GPS do GSI
Confira a coluna Cena Política deste domingo (14)
Os cargos mais importantes e que serão colocados sobre a mesa quando se falar nas eleições municipais de 2024 não são os de prefeito, mas os de senador em 2026. A expectativa é que o governo Raquel Lyra (PSDB) comece a mostrar resultados após o primeiro ano, há muita esperança nos programas voltados para habitação e segurança, principalmente.
Anderson Ferreira (PL) é, desde já, um dos que mais ambiciona ocupar uma das vagas para o Senado na chapa de Raquel em 2026. Ele já é aliado da governadora.
Nos últimos dias, uma reaproximação entre a chefe do Executivo Estadual e o grupo dos Coelho, em Petrolina, chamou atenção. O clã de Fernando Bezerra Coelho (MDB), cujo principal nome atualmente é o de Miguel Coelho (UB), também ambiciona retomar uma das vagas ao Senado Federal.
Tem um outro nome, nesse contexto, que parece improvável mas não é: Humberto Costa (PT). Nas últimas semanas, um interlocutor do Palácio do Campo das Princesas tem conversado bastante com o senador petista.
Os assuntos caminham pelo apoio do PT a João Campos (PSB) em 2024, aproximação de Raquel com Lula (PT) e até, sim, uma das vagas para o Senado em 2026.
A coluna sempre disse que o apoio do PT ao socialista em 2024, mesmo com todo o espaço que Campos tem dado aos petistas na prefeitura, não era algo garantido.
Ainda não é.
Aguarde
Sobre João Campos e Raquel Lyra nos bastidores da campanha do ano que vem, uma fonte no Palácio soltou essa: “João está fazendo política no vácuo momentâneo deixado por Raquel. Ela está cuidando de sanear a precariedade que o governo de Paulo Câmara deixou na gestão. Tem coisa que ficou abandonada e tem muito nó sendo desatado, armadilhas sendo desarmadas. Quando ela equilibrar o governo e começar a fazer política, a história vai ser outra. Pode escrever”.
PT vai
Dentro das conversas com o PT, não está descartado que o partido tenha candidato à prefeitura do Recife. A candidatura não teria apoio oficial do Palácio, mas qualquer palanque com potencial para evitar a reeleição de João Campos tende a ser bem vindo em 2024.
Danilo?
Agora, junte essa informação acima com os bastidores que surgem de uma possível ida de Danilo Cabral (PSB), chateado com o abandono que sofreu dentro do partido de João Campos (PSB), para o PT em breve.
Cegos no tiroteio
Nos depoimentos que prestaram à Polícia Federal sobre os ataques de 8/1, os integrantes do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República deram variadas justificativas para não terem tomado atitudes que protegessem os prédios dos três poderes.
Teve funcionário que foi adicionado em grupo de Whatsapp para receber informações, mas não sabia que havia sido adicionado. Teve outro dizendo que só recebeu informações de manifestações pacíficas e ainda um que disse não ter visto problema porque eles “pareciam tranquilos”.
Mas a "melhor" foi a de um coronel, membro desse serviço de segurança do Palácio do Planalto criado como um aparato de inteligência da República, que disse ter recebido informes de protestos, mas que entendeu ser no sentido contrário ao que os manifestantes iam.
Na prática, ele disse em depoimento que os vândalos estavam indo para o Congresso quando ele achava que estavam voltando. E se perdeu deles.
Isso é que é inteligência. Já pensou se precisarmos do GSI para uma guerra?
As "pontes"
O indicado do PT ao comitê de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, passou a sexta-feira (12) num evento do MST em São Paulo. O mesmo MST que invadiu terras produtivas há algumas semanas, descumprindo leis, apenas porque podia e sabia que o governo não ia fazer nada contra o grupo.
Galípolo é, hoje, nome quase certo para assumir o lugar de Roberto Campos Neto como presidente do Banco Central em 2024. Ele diz que “precisa construir pontes” e “saiu de uma reunião na Faria Lima para a feira do MST”.
Ele pode até vir a ser um bom presidente do BC, nunca se sabe.
O que não dá nenhuma esperança é a continuidade desse discurso em que as pessoas vivem em margens diferentes de um rio e precisam de pontes para se entender. A imagem que melhor se adequa ao Brasil de hoje é todo mundo dentro do rio, com a água no pescoço, enquanto o governo fala em “construir pontes”.
O que todos precisam é de botes, até o governo.