Um dos temas que cresce nos meios políticos e de formadores de opinião é sobre o papel da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) dentro da gestão estadual.
Priscila serviu como base eleitoral metropolitana importante para Raquel, uma candidata que vinha da experiência executiva de ter sido prefeita de Caruaru e precisava de um ingresso mais consistente entre eleitores recifenses. Priscila era vista como uma vice ideal para essa missão, porque havia sido candidata ao mesmo cargo, na eleição municipal, em 2020 e teve muita visibilidade.
Não somente por isso, já que a trajetória como líder informal da oposição na Alepe (e muito mais atuante que os líderes de fato) a credenciava para o ambiente político de esgotamento socialista que havia naquele momento. O argumento de Raquel, de tirar o PSB do poder, ganhou muita força por causa da vinculação que se fazia, no Recife, com Priscila Krause.
Ao contrário do que alguns ainda acreditam, política não é uma construção de gratidões. Política é uma soma coletiva de conveniências particulares, compartimentadas em equações possíveis ou impossíveis. Para além da relação de amizade pessoal, que existe e persiste, a união entre Raquel e Priscila foi uma equação possível e uma soma com arranjos até bem simples.
O ajuste que precisa ser feito também é simples e diz respeito à atuação de Priscila neste momento do governo. Com algo que vá além de sua função na vice-governadoria.
A função de vice no Brasil é feita para que seu ocupante pareça que tem poder enquanto não tem poder nenhum. Não é porque os gestores principais são ruins. A construção do cargo na Constituição Federal, que baseou as constituições estaduais, leva a isso. Quem escreveu essa parte da Carta Magna queria garantir que o vice fosse um apêndice na estrutura governamental. E teve sucesso.
Em Pernambuco, dos últimos três vices, dois acumularam secretarias: João Lyra e Raul Henry. Fizeram bons trabalhos e ajudaram bastante. Não precisa ser especialista na área para fazer isso, basta estar comprometido. João Lyra nunca nem receitou Dipirona, mas foi secretário de Saúde e organizou a pasta em um momento muito crítico do governo Eduardo Campos. Raul foi secretário de Desenvolvimento Econômico de Paulo Câmara.
Qual o motivo de Priscila não estar cumprindo alguma missão nesses moldes agora, já que a campanha eleitoral foi construída sobre o argumento de que ela iria contribuir diretamente com a gestão?
O reconhecimento das habilidades da vice-governadora é algo inequívoco. Priscila é um dos melhores quadros que surgiu na política nos últimos anos em Pernambuco. É inteligente, sagaz e assertiva. Você pode não achar ela “simpática” e “acessível”, mas sua coragem para insistir com a crítica ao PSB em momentos nos quais até os maiores inimigos se dobravam ao poder dos socialistas é um componente de caráter de raridade indiscutível.
Você pode lembrar que ela está desempenhando, sim, hoje, uma função importante no governo: a articulação política. A informação é que ela vem atuando nesse setor, junto à Casa Civil, por causa da experiência que tem na Alepe.
Mas talvez a avaliação de quem a designou para essa função tenha sido feita por um viés equivocado.
No meio jornalístico, o motivo pelo qual grandes repórteres tornam-se assessores de imprensa medianos ou medíocres é o fato de que sua personalidade profissional foi trabalhada para o combate e não para a construção de pontes. Ambos são jornalistas, mas um repórter combativo vai fazer grandes reportagens. Já um assessor de imprensa, que precisa construir pontes, se for combativo vai perder o emprego.
Na política também há personagens com vocações muito bem definidas. Cabe a Raquel Lyra, e à própria Priscila, raciocinar sobre qual papel é o melhor para a vice neste momento. Principalmente se ainda houver qualquer tipo de intenção de ensaiar voos municipais na capital em 2024.
Será, inclusive, contra o PSB que Priscila sempre combateu com tanta competência.
Dinheiro, dinheiro
Em defesa dos municípios, o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) conseguiu pautar para a próxima semana, na CCJ, a PEC 25/2022, que prevê acréscimo de 1,5% nos recursos do FPM.
A mudança é esperada com muita ansiedade pelos gestores municipais, acostumados a ter tendinite de tanto carregarem seus pires em Brasília, buscando dinheiro.
Uma vez aprovada no plenário, a PEC ajudará em quase R$ 10 bilhões os cofres dos municípios para realização de investimentos.
Há municípios, muitos e muitos em Pernambuco, que sobrevivem exclusivamente de repasses federais.