O Congresso Nacional, que perde tempo todos os dias com projetos cada vez mais absurdos, tem se atrapalhado, e muito, para votar o que realmente importa no país. Enquanto votações como a que prevê prisão para quem discrimina políticos ou a que tentou regulamentar a internet com ares de censura prévia tramitam em tempo recorde, a Reforma Tributária vai se arrastando, com toda a dificuldade que uma proposta realmente benéfica para o país costuma ter em Brasília.

A previsão de votar a reforma no primeiro semestre já não é mais factível. O novo regime fiscal, que já poderia ter tido votação concluída, também está emperrado, “esperando agenda”. Tudo atrasado. Se é desinteresse ou incompetência, é discutível.

Fato é que o Congresso tem tido muita dificuldade para atender às necessidades de um país cujos problemas correm à galope. Enquanto o Legislativo só sabe trotar, e de lado. A pauta do Congresso é um atropelo desconexo entre invenções urgentes e urgências inventadas, dependentes dos interesses mais diversos, exceto a necessidade real do brasileiro.

Isso faz com que precisemos reformar as reformas. Vai acontecer com a Reforma da Previdência, de 2019. E se a Tributária demorar muito, quando for aprovada, já estará defasada.

Previdência

O IBGE divulgou os números referentes a 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), esta semana, e apontou que a população brasileira envelheceu muito além do que se imaginava para o período de dez anos. Entre 2012 e 2022, deixamos de ter metade da população abaixo de 30 anos e essa faixa etária caiu para 43% do total.

É preocupante, porque a população está envelhecendo muito rápido. Nessa década, enquanto a política brasileira esteve (e ainda está) preocupada com a dicotomia ultrapassada e inócua entre esquerda e direita, perdemos uma oportunidade de ouro.

É que se um país consegue alavancar a economia no momento em que possui mais da metade da população abaixo de 30 anos, o crescimento econômico torna-se mais facilmente sustentado. Essa parcela da população se desenvolve economicamente mais rápido e o aquecimento do mercado de trabalho entra num ciclo positivo.

Ao invés disso, de trabalharmos para que o pais aproveitasse aquele momento, perdemos tempo discutindo se Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro eram mocinhos ou vilões para, no fim, voltarmos às ideias e práticas de um presidente que parece não ter saído do mundo analógico do início do século.

A situação é tão séria e demoramos tanto para resolver o que precisa ser resolvido que, sim, a Reforma da Previdência, sofridamente aprovada em 2019, já vai precisar voltar a ser discutida em breve.

Sim, Previdência

No sistema da Previdência, que garante as aposentadorias, os mais jovens, trabalhando, garantem o pagamento dos benefícios dos mais velhos, já aposentados. O que o IBGE mostrou é que o volume de pessoas em idade produtiva, trabalhando com carteira assinada e contribuindo, está diminuindo sensivelmente, enquanto o número de aposentados aumenta.

Não demora, a conta vai começar a não fechar outra vez e algo precisará ser feito.

Se você passou os últimos dez anos defendendo o seu político de estimação com unhas e dentes e contribuindo para os debates rasos sobre quem é mocinho e quem é bandido, ajudou muito a piorar tudo.

É bom pensar nisso antes de ir fazer protestos contra a próxima reforma, como os que aconteceram entre 2018 e 2019.

Garantir o ramal

A Bancada Pernambucana no Congresso Nacional vai se reunir com o ministro dos Transportes, Renan Filho, para tratar da Ferrovia Transnordestina. A audiência, que foi requerida pelos coordenadores da Bancada, os deputados federais Augusto Coutinho (Republicanos) e Carlos Veras (PT), será na terça-feira (20), às 17h30, em Brasília.

Os parlamentares vão discutir soluções para acelerar a conclusão do Ramal Suape, que vai transportar minério de ferro extraído no Piauí para exportação, através do terminal marítimo pernambucano.

O ramal foi garantido pelo ministro em entrevista à Rádio Jornal, no programa Passando a Limpo, durante uma visita que fez ao Recife.