Governador não tem férias, mas o Legislativo tem recesso e quando ele acontece as tratativas políticas ficam interrompidas ou se arrastam. Como esse recesso começa um pouco depois do São João, em julho, o primeiro semestre político já está praticamente no fim.
É preciso dizer que a governadora Raquel Lyra (PSDB) teve dificuldades nesse período. Para além do otimismo de auxiliares que insistem em tapar o sol com peneiras, mesmo nos bastidores, a condução política foi cheia de lombadas que poderiam ter sido evitadas para que se pudesse fazer a máquina funcionar com mais vigor, mesmo enquanto as transições necessárias ainda estão sendo feitas.
Sim, porque a informação que se tem, em várias secretarias, em situações relatadas por vários atores diferentes do atual governo é que “armadilhas” foram deixadas pela gestão do PSB em diversos setores. A Saúde é uma das mais problemáticas em relação a isso. Mas, há dificuldades em várias outras frentes, como Segurança e Educação.
Resolvidos esses gargalos, a tendência é que a administração comece a andar e agendas positivas sejam mais frequentes. E a relação com a Alepe também vai mudar.
Embora tenha tentado se comportar como um primeiro-ministro, buscando assumir um protagonismo maior do que o esperado na relação entre o Executivo e o Legislativo, o presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB) está no partido da governadora e já almoçou várias vezes com ela e com os auxiliares dela no Palácio do Campo das Princesas nessas últimas semanas. A relação entre os poderes sempre está na pauta e vem sendo ajustada.
Fora isso, a independência celebrada com fervor pelos parlamentares se devia muito ao dinheiro das emendas que o Executivo é obrigado a liberar para eles, independente de negociação. Devem-se também aos ganhos financeiros que os deputados têm alcançado, com o orçamento da Alepe podendo chegar a mais de R$ 830 milhões em 2023. No segundo semestre, há algumas mudanças substanciais previstas para esse ambiente.
Primeiro porque a maioria das emendas, mesmo as que o governo é obrigado a entregar aos deputados, terão execução do Palácio. O deputado recebe o direito de indicar dinheiro para uma obra, por exemplo, mas a obra só pode ser realizada pela governadora.
É a beleza do Sistema de Freios e Contrapesos, que baseia a separação dos poderes brasileira: toda independência é limitada. E o limite para o Legislativo é que ele não pode executar. Para isso, precisa pedir.
Outro dado importante é que, para além da impressão da bolha política insatisfeita, a figura de Raquel segue muito popular em duas frentes: a virtual e a da rua.
Em seu último levantamento, a Quaest atestou que a governadora de Pernambuco é a segunda mais popular do Brasil nas redes sociais. É o que aponta o IPD (Índice de Popularidade Digital), que varia de 0 a 100 e é analisado diariamente pela empresa de pesquisas, considerando 152 variáveis das plataformas Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipédia e Google.
Raquel tem índice de 46,63 e só perde para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com mais de 70 pontos no índice. Em terceiro está o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com 41,87. Lembrando que são estados com populações muito maiores que a de Pernambuco.
Outra pesquisa que chamou atenção nos últimos dias foi a feita nas ruas das capitais brasileiras pelo Instituto Paraná. Raquel foi a governadora mais popular, nesse levantamento, entre todos os gestores do Nordeste. E estamos falando de uma pesquisa presencial feita apenas nas capitais.
Esse patrimônio de apoio popular também vai entrar na equação do segundo semestre, quando a governadora começar a definir as diretrizes de seu grupo para as eleições municipais de 2024. Faltando um ano para a campanha dos prefeitos e vereadores, não faltarão gestores dos municípios buscando apoio para seus palanques.
Isso também exerce pressão na relação com a Alepe, já que os deputados estaduais dependem das prefeituras para a manutenção de seus mandatos.
O segundo semestre em Pernambuco pode ser diferente nessa novela da relação entre os poderes estaduais. É aguardar pra ver.
Consulta
O Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) está disponibilizando uma consulta pública com o objetivo de definir as metas da Justiça Eleitoral para 2024. O questionário é aberto a todos e estará disponível de amanhã (19) até o dia 28 de junho.
A participação da sociedade na elaboração das metas é importante para refinar a qualidade dos serviços da Justiça Eleitoral.
A pesquisa pública segue as recomendações da Resolução nº 221 de 10/5/2016 e da Portaria nº 114/2016 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que institui princípios de gestão participativa e democrática na elaboração das metas nacionais do Poder Judiciário e das políticas judiciárias do CNJ.
Para responder ao questionário, basta acessar o link que estará disponível no site da instituição: tre-pe.jus.br