Cena Política

Raquel vai encontrando seu caminho na Assembleia com a ajuda de socialistas do PSB

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (29)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 28/06/2023 às 20:00
Matheus Alves/Divulgação
Raquel Lyra (PSDB) - FOTO: Matheus Alves/Divulgação

Na nota em que repudiou a fala da governadora Raquel Lyra (PSDB) sobre o “PSB de Eduardo Campos ter acabado”, os socialistas foram muito afirmativos sobre ser “oposição à atual gestão”.

Uma nota foi divulgada, lembrando que o PSB iria continuar fazendo cobranças à governadora. “Queiram ou não queiram Raquel Lyra e seus aliados, o PSB seguirá existindo, resistindo e desempenhando o importante papel para o qual foi designado pela população de Pernambuco nas eleições de 2022: o de lutar pela preservação dos avanços que o estado viveu nos últimos 16 anos, denunciando as contradições, os desmontes e falta de diálogo do atual governo”, disse o texto.

O presidente do partido no estado reforçou o repúdio, depois, em entrevistas, dizendo que “o PSB é o maior partido de oposição e que vai fazer oposição ao governo dela até o último dia”.

A referência de Sileno Guedes ao PSB como maior partido da oposição se dá porque a sigla tem 13 deputados estaduais. É a maior bancada da Assembleia, realmente.

O curioso é que poucas horas depois de tanto verbo, entrou em votação um Projeto de Lei polêmico na Assembleia Legislativa sobre o reajuste de salário para parte dos professores do Estado. E dos 13 deputados socialistas, seis votaram a favor do governo de Raquel Lyra.

France Hacker, Dannilo Godoy, Francismar Pontes, Jarbas Filho, Simone Santana e Eriberto Filho, todos do PSB, ajudaram a aprovar o texto.

O fato é que, depois de tanto barulho e desencontro na articulação, bem no dia em que o PSB resolveu reafirmar com toda força a sua oposição, o governo Raquel Lyra parece estar começando a acertar os ponteiros com a Alepe. E com a ajuda essencial do PSB.

Menos vereadores

O IBGE trouxe, ontem, uma notícia muito ruim para os vereadores do Recife. A população da capital diminuiu nos últimos 12 anos e a Câmara Municipal pode perder duas cadeiras.

Em 2010, o Recife tinha pouco mais de 1,5 milhão de habitantes. Agora, o novo censo apontou que a cidade caiu para o patamar de 1,4 milhão. Em números exatos, perdemos 43.118 habitantes. Mas é o suficiente para ter impacto no Legislativo.

A lei diz que acima de 1,5 milhão de habitantes a cidade pode ter até 39 vagas na Câmara. Entre 1,3 e 1,4 milhão, o número máximo de cadeiras é 37.

A concorrência na eleição de 2024 será maior por um espaço no Legislativo. Seria bom se o contribuinte gastasse menos com a Câmara também.

Hoje, o orçamento da Casa é de 217 milhões de reais. Se economizassem seria bom pra todo mundo.

Gestões socialistas

Os números do IBGE, aliás, acendem um alerta sobre Pernambuco e, principalmente, sobre o Recife. A população do Estado só cresceu pouco mais de 260 mil habitantes em 12 anos. É pouco. E a capital perdeu cerca de 40 mil pessoas.

Em todo esse período, o estado e a prefeitura da capital foram comandados pelo PSB. É verdade que existe uma tendência de queda nas grandes capitais do país e uma fuga para o entorno. Todas as cidades da Região Metropolitana (menos Olinda) cresceram, realmente.

Mas, em Pernambuco, os municípios que puxaram quase sozinhos o crescimento estão no interior e viveram sob administrações de oposição ao PSB nos últimos anos.

Você pode interpretar os números de várias maneiras diferentes. Mas os dados sempre falam e falam muito.

Petrolina e Caruaru

Importante, inclusive, observar a força de Petrolina e Caruaru nos últimos 12 anos no estado. Petrolina cresceu em 94.183 habitantes. Caruaru aumentou 63.268 pessoas em sua população.

Como o crescimento de Pernambuco foi de 261.707, as duas cidades do interior responderam por 60% de todo o acréscimo. É preciso lembrar que esse crescimento aconteceu apesar de os prefeitos serem de oposição ao PSB no período.

A atual governadora Raquel Lyra (PSDB), quando prefeita de Caruaru, juntou uma coleção de “negativas” toda vez que tentava se encontrar com o então governador do PSB Paulo Câmara para buscar ajuda.

O ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), também foi praticamente abandonado pelo governo.

Ambos passaram a depender de articulação em Brasília para a manutenção das gestões.

Esse crescimento, agora registrado pelo IBGE, já era tão notado que os dois foram candidatos ao governo em 2022 e ela até se elegeu.

Reflexão

Há um exercício reflexivo que precisa ser feito pelo atual prefeito do Recife, João Campos (PSB) e também por todos os que pretendem disputar a cadeira de prefeito em 2024, com muito desprendimento das paixões partidárias.

A capital de Pernambuco viu sua população reduzir nos últimos anos por absoluta mudança nas aspirações das pessoas que não querem mais viver em grandes cidades? É algo que está alheio ao esforço dos gestores?

Ou foi esta cidade, em específico, que não conseguiu entregar a qualidade de vida mínima que as pessoas estavam dispostas a suportar? A cidade é atrativa, acolhedora, segura?

É necessário fazer essa reflexão, porque uma tendência nacional pode acabar fazendo com que se relativizem os erros ou se menosprezem os acertos locais. 

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