Cena Política

Situação eleitoral de Bolsonaro está resolvida e a de Sergio Moro está ameaçada

Confira a coluna Cena Política desta sexta-feira (30)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 29/06/2023 às 20:00
Alisson Sales/Fotorua/Estadão Conteúdo
Sérgio Moro acompanhou Bolsonaro no debate da Band e aconselhou presidente no palco em 2022 - FOTO: Alisson Sales/Fotorua/Estadão Conteúdo

Quando votou para livrar Bolsonaro (PL) da condenação, o ministro do TSE Raul Araújo argumentou que a reunião do então Presidente da República com embaixadores, em 2022, para desacreditar as urnas eletrônicas, não produziu efeitos diretos. Ou seja, não rendeu votos a mais porque ele já havia sido repreendido pelo próprio TSE e condenado a pagar uma multa na época.

É como se ele admitisse que o então presidente errou, mas como aquilo não produziu efeito direto, o correto era absolvê-lo.

O ministro Benedito Gonçalves e a ministra Cármen Lúcia ficaram estarrecidos e rebateram o colega durante o voto com intervenções duras. Até porque o argumento de Araújo é absurdamente frágil.

Aí veio o voto de Floriano de Azevedo Marques Neto. Ele foi curto, seco e bem didático: “Se alguém põe fogo num edifício e os os bombeiros chegam a tempo, a ação que evita a tragédia não elimina o crime de quem riscou o fósforo”.

Depois, complementou: "Nós estamos analisando o evento e as intenções do agente no evento. Se ele mal sucedeu nessa estratégia não é uma questão relevante”.

E ainda arrematou: “Uma pessoa pode ser terraplanista, fazer parte de clube da borda infinita, mas não pode pregar isso como professor em escola pública”, disse o ministro Floriano.

Mas não foi esse voto o que mais doeu para os apoiadores de Jair Bolsonaro. O resultado parcial de 3x1 veio com o voto pela condenação dado por André Ramos Tavares. Além de Raul Araújo e Nunes Marques, a defesa tinha esperança de que Tavares votasse pela absolvição. Mas ele nem entrou na discussão. Apontou a condenação e encerrou o voto, relativamente rápido, para liberar todos pro almoço.

Falta oficializar

Se já havia certeza da condenação de Bolsonaro, agora ela está praticamente sacramentada. Com os votos de Benedito Gonçalves, Floriano de Azevedo e André Tavares, falta apenas um voto para confirmar a inelegibilidade pela maioria.

A Corte terá, nesta sexta-feira (30), os votos de Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes. Pela intervenção que fez durante o voto de Raul Araújo, Cármen deve votar pela condenação. E Moraes também.

O vice escapou

Para os bolsonaristas, a boa notícia é a absolvição de Braga Neto. O TSE já formou maioria para não condenar o vice de Bolsonaro na disputa de 2022.

Os direitos políticos dele serão mantidos e o PL poderá lançá-lo candidato em 2024. Existe o plano no partido de que o general Braga Neto seja o nome do partido para a prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem.

Sergio Moro ameaçado

O PT está tentando, com uma ação no TRE-PR, tirar Sergio Moro (UB) do Senado. Da mesma forma que se conseguiu cassar o mandato de Deltan Dallagnol (Podemos) na Câmara, agora o alvo é o ex-juiz da Lava Jato.

Tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná um pedido de cassação contra Moro baseado em supostas irregularidades nos gastos de campanha e na prática de caixa 2 nas eleições do ano passado.

O curioso é que não foram os petistas que reclamaram primeiro. O PL, partido de Bolsonaro, apoiado por Moro em 2022, foi quem ingressou com a ação. A esperança era que ele não assumisse o mandato e a vaga ficasse com o segundo colocado, que é do PL.

O PT resolveu também entrar com uma ação quando percebeu que o PL não terá a vaga automaticamente e uma nova eleição deve ser realizada.

Quando a Justiça Eleitoral percebeu que as duas ações tinham o mesmo objetivo juntou e deixou PL e PT unidos contra o senador do União Brasil.

Quem também é do Paraná é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que mesmo antes de qualquer resultado na Justiça já começou a fazer campanha para participar da eleição e tentar voltar ao Senado.

Gleisi é deputada federal, mas poderia disputar a eleição suplementar sem perder o atual mandato.

Em 2022 ela não arriscou a candidatura para voltar a ser senadora, porque sabia que perderia. Agora, com Lula (PT) já presidente, está muito mais confiante e anda como se já estivesse eleita.

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