Cena Política

Um bolsonarista que não pode ser ignorado na eleição do Recife

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (6)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 05/07/2023 às 20:00
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Gilson Machado Neto (PL) é ex-ministro do Turismo do Governo e aliado próximo de Jair Bolsonaro (PL) - FOTO: Reprodução

Cotado para ser o candidato do PL à prefeitura do Recife, Gilson Machado pode surpreender mais uma vez aqueles que pouco lhe dão atenção. Em 2022, meses antes de os eleitores irem às urnas, alertamos que a votação dele seria alta e, longe de ser descartado, o então ministro do Turismo precisava ser tratado como favorito.

Num estado em que o lulismo é forte, e Teresa Leitão (PT) venceu com mais de dois milhões de votos, ninguém gosta muito de comentar isso, mas a verdade é que Gilson quase foi senador. Se fossem duas vagas, estaria no Senado com seus 1,3 milhão de votos. O terceiro colocado, André de Paula (PSD), não teve metade disso.

E o que 2022 tem a ver com a eleição do Recife em 2024? Tudo. Principalmente quando você isola os votos de Gilson e de Teresa Leitão na capital. Teresa venceu por aqui também, mas a diferença foi muito menor.

Se no Estado a petista ficou com quase um milhão de votos a mais, entre os recifenses essa distância diminuiu para menos de 40 mil eleitores. Ela teve 362 mil e Gilson chegou a 323 mil votos.

Para ter uma noção do que essa votação representa: quando passou do primeiro para o segundo turno da eleição de 2020, João Campos (PSB) terminou em primeiro lugar. Quantos votos ele teve? Foram 233 mil.

Ou seja, para a prefeitura, o socialista teve 90 mil votos a menos do que Gilson, no mesmo Recife.

Numa campanha focada na cidade, com dinheiro, com tempo de TV e Rádio (garantidos pelo PL), com a fidelidade do eleitor radical de direita, além de uma governadora e um prefeito focados mais em disputas pessoais futuras do que no Recife, uma surpresa pode acontecer.

E uma presença no segundo turno é algo bem plausível.

A não ser que…

Quem pode dificultar a vida do ex-ministro Gilson Machado, além dos adversários, é o próprio Gilson Machado. A fidelidade dele a Bolsonaro é o que pode atrapalhar.

Em 2022 ele seria eleito e, certamente, teria a maior votação do estado, se tivesse se candidatado a deputado federal. Saiu para o Senado atendendo com fidelidade a um pedido do então presidente, àquela altura inegável. E perdeu.

No Recife, mais uma vez, a fidelidade pode cobrar um preço. Será preciso ter sensibilidade com o sabor do vento. O ambiente é completamente diferente para o bolsonarismo hoje. E se o governo Lula (PT) estiver mais estabilizado, com a economia equilibrada, a missão de ser fiel a um Bolsonaro inelegível ficará ainda mais difícil, principalmente numa capital do Nordeste.

Outros atores da direita já entenderam isso e vão calibrando o discurso. Muitos deles, inclusive, admitem que será difícil para Gilson não ser fiel ao ex-presidente.

Nísia é Lula e Lula é Nísia

O centrão pode estar, sem perceber, construindo uma personagem política muito importante para os próximos anos. Ao batalhar nos bastidores pela cadeira de Nísia Trindade, Arthur Lira (PP) e seus companheiros podem ter fortalecido ela, mais do que imaginavam.

Reagindo à pressão, Nísia liberou quase R$ 700 milhões em emendas para prefeitos e governadores, inclusive para os da oposição.

Durante participação num evento nacional, esta semana em Brasília, foi aplaudida de pé, com fervor, pela plateia que gritava “fica, Nísia”.

Para completar, em discurso, Lula garantiu a permanência dela e tratou a ministra com expressões que lembram a maneira como ele tratava Dilma Rousseff (PT) quando começou a pensar na então ministra como sua sucessora: “Eu tenho certeza que poucas vezes na vida a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde, para cuidar do povo com o coração, como uma mãe cuida de seus filhos. Eu tive muita sorte com meus ministros da Saúde, mas precisou uma mulher pra fazer mais e melhor do que fomos capazes de fazer”.

Já tem gente no PT com as orelhas em pé.

Metrô na pauta

A Bancada Pernambucana no Congresso Nacional terá audiência com o ministro Jader Filho, das Cidades, para tratar dos problemas do Metrô do Recife.

A reunião, articulada pelos deputados federais Augusto Coutinho (Republicanos) e Carlos Veras (PT), será na terça-feira (11), em Brasília, com expectativa de participação dos 25 deputados e três senadores que compõem o grupo.

No encontro serão discutidos investimentos para o sistema, que sofre de graves problemas operacionais e se tornou fonte de transtornos e riscos para a segurança dos seus usuários.

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